Videocast Rio Bravo: falando sério sobre a educação no Brasil
Do passado de exclusão escolar aos desafios para os próximos anos, Anna Helena Altenfelder comenta a educação brasileira em episódio do videocast Rio Bravo
Por Stephanie Kim Abe
Aquele sentimento de que a educação brasileira era melhor no passado ainda prevalece em muitas pessoas. “No passado, todos estudavam em escolas públicas, os professores conseguiam ensinar e os alunos aprendiam muito mais”, dizem muitos.
O que parece um fato, na verdade, precisa ser olhado a partir de quem de fato acessava a escola naquele tempo:
Foto: acervo pessoal
Essa escola que a gente tem saudade, é uma escola que expulsava, que era para poucos e que trazia muitas desigualdades, porque esses que não a acessavam eram as crianças mais pobres, negras, das regiões Norte e Nordeste, da zona rural. É a partir dos anos 70, 80 que a escola começa a incluir todos — e aí vem o desafio de conseguir dar qualidade. Ou seja, é um equívoco pensarmos que hoje a escola é pior. Em termos de inclusão, a escola de hoje é muito melhor”, diz.
Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec
É com esse tópico que se inicia o terceiro episódio da série Brasil 2023 do videocast Rio Bravo, que contou com a participação de Anna Helena e de Beatriz Nascimento, presidente executiva da Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores). A série Brasil 2023 tem como objetivo abordar os temas sensíveis para o desenvolvimento do Brasil — e este episódio trata justamente da educação.
Anna Helena também lembra que uma educação de qualidade, tal qual direito garantido pela Constituição Brasileira, é aquela que educa não só para o mercado de trabalho, mas para o desenvolvimento integral e a cidadania.
Ou seja, a inserção de jovens no mercado de trabalho pode ser uma métrica para pensarmos na qualidade da educação, mas não sozinha. “Se restringirmos, seria uma instrumentalização para o trabalho, o que tampouco responde aos anseios da juventude e do país para um desenvolvimento econômico e sustentável”, diz Anna Helena.
Esse tema se liga à questão das juventudes e de políticas públicas, como o Novo Ensino Médio, que também são discutidos por Beatriz Nascimento e Anna Helena.
A presidente do Conselho de Administração do Cenpec chama atenção para a tradição brasileira de não envolver na formulação e na avaliação das políticas públicas os atores da própria comunidade escolar:
Na discussão do Novo Ensino Médio, os próprios alunos e professores dessa etapa de ensino, que poderiam trazer grandes contribuições, foram muito pouco escutados. Mas ainda temos tempo de criar fóruns de debate, de escuta e de protagonismo para esses jovens”, diz.
Outros temas que são abordados no videocast são as competências sócio emocionais, a educação integral, a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as pautas conservadoras que têm tomado o debate educacional durante o governo Bolsonaro.
Anna Helena menciona a Pesquisa Educação, Valores e Direitos, que mostra que, apesar desse discurso ser capitaneado pelo governo, questões como a educação domiciliar, as escolas militarizadas e a proibição à abordagem de gênero e sexualidade na escola não têm ressonância entre a maioria da população brasileira.
Por fim, Anna Helena elenca alguns dos principais desafios que o Brasil precisa enfrentar para melhorar a qualidade da educação e garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos e todas:
Nos últimos dois anos, por conta da pandemia, retrocedemos em avanços importantes que tínhamos conquistado. A evasão escolar é um assunto importante para 2023, principalmente em níveis em que o ensino estava praticamente universalizado, entre crianças de 6 a 10 anos. No ensino médio, também houve aumento da evasão. Precisaremos buscar essas crianças e adolescentes e trazê-las para a escolas, e desenvolver políticas públicas que garantam as aprendizagens. Reorganização curricular e recomposição das aprendizagens também serão fundamentais para que os estudantes possam seguir os seus percursos”.
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