Brincar em casa: veja o documentário

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Brincar em casa: veja o documentário

Documentário mostra como crianças de diversos contextos e países brincam em casa durante a pandemia

Por Stephanie Kim Abe

Montar cabanas com lençóis no meio da sala, pular na cama ou no sofá, desenhar, fazer circuitos entre a sala e o quarto, ajudar a lavar a louça, cozinhar. Essas são algumas das muitas ações que as crianças têm realizado entre quatro paredes há mais de um ano, desde que a pandemia chegou no Brasil e restringiu a circulação e o contato social. 

Elas traduzem o Brincar em Casa – nome e tema do novo documentário do Território do Brincar, produzido com base em relatos de 55 famílias de diferentes contextos e realidades sociais. A produção audiovisual tem cerca de 30 minutos, e pode ser assistida gratuitamente no plataforma Videocamp.

Clique aqui para assistir

Renata Meirelles, diretora do filme, contou durante a live “Escutas para o Brincar Livre: do campo ao isolamento”, no dia 31/3:

Importância do Brincar: entrevista com Renata Meirelles e a essência da  brincadeira - Território do Brincar
Foto: reprodução

Temos um contexto de bastante dificuldade, mas dentro das casas existem focos de vitalidade, de pulso, ali acontecendo. Essa resiliência se mostra no brincar. Então percebemos que o que estamos vendo e ouvindo das famílias vai além do momento da pandemia. Ela dá notícias de como as crianças têm esse mecanismo regulador de saúde, que é o brincar, e de compreensão de mundo e, essencialmente, de compreensão de si mesmo.”

Renata Meirelles

Informação e formação pelo direito à educação

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Processo de pesquisa

Na live do dia 31, os diretores Renata Meirelles e David Reeks contaram um pouco mais sobre o processo de produção do média-metragem. Foram muitas especificidades em relação a outras produções do Território do Brincar, pesquisa patrocinada pelo Instituto Alana que realiza um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil.

A produção, que geralmente envolve apenas os diretores, contou com um grupo de sete pesquisadores. Foi também a primeira vez que eles abriram a sua casa e a sua dinâmica familiar para ser objeto do filme, e coletaram e utilizaram imagens de terceiros – no caso, os familiares -, pois geralmente é a equipe que faz essa coleta. Esse processo trouxe desafios, tanto para a montagem e qualidade da produção, como para a própria escuta e conexão dos diretores com o tema. Mas os relatos trouxeram um olhar único ao trabalho, como relatou David Reeks:

Foto: reprodução

Preciso confessar: criou-se um certo pânico no documentarista e responsável pela parte visual do projeto (eu), com as primeiras imagens que vinham chegando das famílias. Imagens amadoras, na vertical, de baixa resolução, todas tremidas… como casariam com imagens de uma câmera de cinema? Mas vinham chegando mais imagens, e fui relaxando. Porque o que eu estava percebendo com essas imagens era a sua inegável autenticidade. Elas eram tão reais, que a sua qualidade era menos importante do que a verdade sendo transmitida nessas imagens.”

David Reeks

Apesar de serem de 18 países diferentes, houve recorrências entre os relatos das 55 famílias participantes do projeto. Foi o caso das brincadeiras de cabana, que traziam um espaço mais restrito e intimista dentro da casa, e dos pulos nas camas e nos sofás. 

Quando a gente foca mesmo no brincar, essas ações, que podem parecer genuínas, tão simples, são tão significativas. Há essas polaridades de gestos que acontecem mesmo num ambiente de bastante restrição de movimento e de relacionamentos interpessoais. A gente acabou chamando esses pulos no sofá de ambiente mole da casa.”

Renata Meirelles

Como não poderia deixar de ser, as telas também foram presença constante nos relatos das famílias. Ainda que o brincar aconteça dentro das casas, por mais difícil que sejam as condições, não se pode ignorar as consequências que o uso massivo das telas, as interações sociais limitadas, o confinamento, a falta de contato com a natureza e com os pares podem trazer para a saúde mental e física das crianças. Sobre essa questão, Renata faz um apelo, uma vez que se pensem políticas e ações para quando a pandemia acabar:

Que todas as instituições foquem no movimento, na necessidade de espaço externo, no conato com a natureza e com outras crianças. E que ponderem isso como um fator vital de saúde para as crianças.”

Renata Meirelles

Discutindo o tema

A pesquisa sobre o brincar em casa também deu origem a um podcast, com o mesmo nome. O podcast tem sete episódios, e conta o que cada cômodo da casa tem permitido às crianças. 

Saiba mais sobre o podcast aqui

Desde o lançamento do filme, no final de março, o Território do Brincar tem organizado lives para detalhar os processos da pesquisa para o filme e discutir diferentes aspectos que envolvem o brincar em casa. Esses encontros on-line estão todos disponíveis no canal do YouTube do Instituto Alana

A próxima live tem como tema “Brincar na pandemia: a força do espontâneo” e acontece na próxima quarta-feira (dia 14/4), às 19h30. O debate deve falar do processo de adentrar a espontaneidade das crianças, com base nas conversas com as famílias em isolamento social, e o que o fenômeno do brincar espontâneo nos diz para além de uma pandemia. A live terá participação de Elisa Hornett, educadora e pesquisadora da infância; Sandra Eckschmidt, doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina, e Reinaldo Nascimento, terapeuta social, educador físico e psicopedagogo. 


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