Novo documentário discute o resgate da natureza para infâncias urbanas
A partir do depoimento de especialistas e famílias de diferentes países, o filme aborda a importância do contato com a natureza para o desenvolvimento integral das crianças
Por Stephanie Kim Abe
Durante a pandemia, uma das principais preocupações tem sido a saúde mental, não só de adultos, mas também de jovens e crianças. Seja porque as pessoas têm se isolado, sem contato com seus pares, ou porque ficam em casa, sem contato com o mundo lá fora.
Esses sentimentos foram captados na pesquisa Emoções Momentâneas, realizada em junho deste ano pelo programa Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), que buscou compreender a percepção da população sobre as medidas de distanciamento social por causa da pandemia de Covid-19. Entre os seus resultados, 86% dos entrevistados sentiram falta de ocupar as áreas verdes da cidade.
Essa falta de espaço e contato com a natureza pode ser ainda mais determinante no caso das crianças, já que é comprovado que a privação dessa vivência pode levar a problemas no desenvolvimento e saúde delas – como obesidade e sedentarismo. Mais do que isso, há diversos benefícios nessa relação dos pequenos com a natureza, em todos os aspectos de seu desenvolvimento (físico, socioemocional, cognitivo etc).
Essa discussão é o foco do novo documentário “O Começo da Vida 2: Lá Fora”. Mesmo tendo sido produzido entre 2018 e 2019, ou seja, antes da pandemia de Covid-19, ele se faz ainda mais atual e necessário.
O filme revela o contexto das infâncias urbanas, que hoje, com a pandemia, todo mundo sente, mas que já existia antes: o fato de as crianças estarem confinadas e institucionalizadas. Por outro lado, ele mostra os benefícios e a importância do contato com a natureza para o desenvolvimento integral delas e para que tenhamos um planeta mais saudável
Laís Fleury, coordenadora do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana
Trailer oficial do documentário O Começo da Vida 2: Lá Fora
O tema é discutido por especialistas nacionais e internacionais das áreas do meio ambiente e infância – entre eles a Dra. Jane Goodall, famosa antropóloga britânica, e também por famílias e crianças de grandes centros urbanos, como São Paulo (Brasil), Santiago (Chile) e Cidade do México (México).
Para Laís Fleury, esse recorte latinoamericano na produção é importante para contextualizar melhor o tema na realidade brasileira e dos países vizinhos, e dar luz à grande produção de conhecimento sobre a relação entre criança e natureza que existe nessa região.
O filme tem direção de Renata Terra e foi idealizado e produzido pela Maria Farinha Filmes em parceria com o Instituto Alana e Fundação Grupo Boticário. Ele já está disponível no Netflix e em outras plataformas, como YouTube, Now, iTunes, Google Play e Vivo Play.
Priorizando espaços abertos na reabertura das escolas
Foi pensando nesse cenário de confinamento e em como refletir sobre o uso de espaços abertos e naturais no retorno às aulas presenciais que o Programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, lançou, em agosto, o documento Planejando a reabertura das escolas – A contribuição das pesquisas sobre os benefícios da natureza na educação escolar.
O documento traz informações e dicas sobre como as redes de educação e as escolas podem fazer esse planejamento, garantindo espaços mais seguros e que tragam mais saúde para as crianças – tanto agora no momento de reabertura, como também pensando em médio e longo prazos.
“Primeiro, as secretarias de educação poderiam assumir esse papel articulador e criar comissões intersetoriais para pensar a reabertura das escolas que envolvam as pastas de Meio Ambiente, Saúde, Urbanismo, Cultura. A partir daí, fazer um mapeamento das escolas desse município: quais têm espaços ao ar livre? As que não tem, poderiam usufruir de outros espaços do território, como praças e parques? As áreas verdes estão recebendo manutenção? Como a escola pode ajudar?”, explica Laís Fleury.
Outras dicas para incentivar o contato com a natureza e garantir espaços abertos e mais saudáveis nas instituições são a criação de salas de aulas temporárias, o uso de materiais naturais (ao invés do plástico), a formação de docentes para conduzir aulas e atividades ao ar livre e a reestruturação da rotina escolar para contemplar mais tempo e uso de espaços como o pátio escolar.
“Não é só a estrutura física. É rever as rotinas das escolas e reconhecer que essas áreas também têm um potencial de aprendizagem muito alto. É realmente colocar em prática o conceito da Educação Integral, não no sentido de preencher o tempo da criança na escola, mas de que, em diferentes territórios, diferentes atores são muito importantes para compor esse currículo escolar e contribuir para a formação das crianças. É uma mudança de paradigma mesmo, de inverter valores e dar importância à essas áreas naturais e abertas”, defende Laís.
Brincar e meio ambiente no Portal CENPEC Educação
Dada a importância das brincadeiras ao ar livre e do contato com a preservação do meio ambiente em atividades escolares, o Portal CENPEC Educação já produziu diversos materiais sobre o assunto. Selecionamos os principais abaixo:
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