Escrevendo o Futuro: 20 anos de impacto positivo na vida de educadoras(es) e estudantes
Conheça a história e o legado desse programa que virou política pública e tem como objetivo incentivar a leitura e a escrita por meio de ações formativas e do trabalho com gênero textuais
Em 2002, aos 16 anos, o aluno Ronilson da Silva Procópio testemunhou a escritora Lygia Fagundes Telles lendo o trecho acima e o restante do artigo de opinião que ele escrevera sobre as dificuldades que os ribeirinhos enfrentam no período de cheia dos rios onde mora, em Benjamin Constant (AM).
O acontecimento se deu durante a cerimônia final da primeira edição do Programa Escrevendo o Futuro – que à época era chamado de Prêmio Escrevendo o Futuro e que teve ainda participação, em vídeo, do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ronilson, que havia iniciado seus estudos apenas aos 12 anos, lembra não somente da emoção daquele dia até hoje como sente os legados de ter participado do Programa: o seu acesso ao ensino superior.
Já a sua professora Maria da Conceição Oliveira Rodrigues conta que a escola ainda possui o acervo de livros que recebeu na época, como parte da premiação.
Essas são apenas dois dos milhares de estudantes e docentes impactadas(os) positivamente pelo Programa Escrevendo o Futuro, que comemora 20 anos em 2022 e que sempre teve como tema do concurso “O lugar onde vivo”.
Maria Aparecida Laginestra, da equipe técnica do Programa, conta que:
Foto: acervo pessoal
Esse tema é interessante porque permite que a escrita extrapole os muros da escola. O(A) professor(a) pode trabalhar com os poetas locais e a cultura regional que são, muitas vezes, invisibilizadas ou discutir as questões polêmicas do lugar com estudantes. Também valoriza o olhar crítico e o espaço de pertencimento”.
Maria Aparecida Laginestra, da equipe técnica do Programa Escrevendo o Futuro
Ao longo de todo esse tempo, o Programa cresceu, passou por mudanças, se adaptou às tecnologias e aos novos tempos, mas mantém sua essência: fomentar a formação docente, o trabalho com gêneros e sequências didáticas e incentivar a produção textual de estudantes.
Estudantes e professoras(es) que venceram a primeira edição do concurso, em 2002
Maria Aparecida também relembra como tudo começou:
Em 2001, foram divulgados os resultados do primeiro Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que mostravam o Brasil muito abaixo da média dos países participantes no quesito leitura. Ao ver esses dados, a Fundação Itaú, atualmente Itaú Social, decidiu desenvolver um concurso de textos que incentivasse a leitura e escrita de estudantes das escolas públicas. Para concretizar o projeto, procuraram o Cenpec para a coordenação técnica”.
Maria Aparecida Laginestra, da equipe técnica do Programa Escrevendo o Futuro
Sob a coordenação de Sônia Madi, especialista em currículo e didática do português, a proposta foi ampliada, incluindo o trabalho com gêneros textuais a partir de sequências didáticas e a formação de professores(as) nos anos em que o concurso não era realizado.
A decisão foi tomada seguindo o princípio de que a produção escrita deve ser uma prática social, integrando as diferentes áreas do ensino de Língua Portuguesa – orientação que se mantém até hoje, com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Foto: acervo pessoal
Criamos um projeto que conversava com as políticas públicas para a educação brasileira. Em 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) trouxeram a proposta de ensinar gêneros de textos por meio de sequências didáticas, mas as escolas ainda tinham dificuldade para implantar esse modelo”, explica.
Sônia Madi, especialista em currículo e didática do português
Em 2008, o programa ganhou novo alcance com uma parceria com o Ministério da Educação (MEC) que transformou o programa em política pública: a Olimpíada de Língua Portuguesa.
Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho do Cenpec, conta a importância desse momento:
Foto: acervo pessoal
O objetivo do Cenpec sempre foi desenvolver metodologias e tecnologias educacionais que pudessem impactar as políticas públicas e eis que o programa se transformou em uma política pública. A parceria ampliou a legitimidade do Programa, o número de inscrições e o diálogo com as secretarias de educação”.
Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho do Cenpec
O Programa passou por muitas mudanças nos últimos 20 anos, buscando incorporar novas estratégias de trabalho e dar apoio às(aos) docentes no trabalho com as(os) estudantes. A formação sempre foi um eixo central do trabalho, que dialoga com as diversas ações desenvolvidas.
“Todas as estratégias do Programa têm caráter formativo: os Cadernos Docentes, o apoio que a(o) professora(or) recebe ao se inscrever na Olimpíada de Língua Portuguesa, as ações que acontecem via Portal ou os materiais impressos. Todos são pensados para ampliar essa formação”, diz Anna Helena.
Como já é tradição no Programa, nos anos em que o concurso não é realizado, as ações são dedicadas à formação docente. Além disso, ao longo do tempo, foram criados uma série de cursos sobre o trabalho com língua portuguesa no contexto escolar, que hoje são oferecidos on-line e de forma gratuita.
Maria José Pereira participou da primeira turma do curso “Sequência didática: escrevendo por meio de resenhas”, em 2011. Ao concluí-lo, foi convidada para atuar como mediadora das próximas turmas, o que faz até hoje, além de trabalhar na direção pedagógica de Ribeira do Pombal (BA).
Fui me percebendo como professora da língua portuguesa e que está envolvida também com outras(os) professoras(es) da área, passei a me ver como protagonista da minha formação e como apoiadora de outros colegas”, conta.
Maria José Pereira
O formato dessas diversas ações passou por mudanças nesses 20 anos, se adaptando às novas necessidades e desafios da educação brasileira. Mas permanecem constantes o compromisso com a formação e o apoio ao trabalho docente.
Tereza Ruiz, coordenadora do Programa Escrevendo o Futuro, destaca como a prática de sala de aula, o concurso e o caráter formativo do Programa se complementam:
Foto: acervo pessoal
Nossas ações surgem do contato com essas(es) docentes e são voltadas para atender as angústias e desafios que as professoras e professores de Língua Portuguesa dividem conosco. A ideia é que a(o) professora(or) tenha autonomia, mas com apoio e interlocução. Queremos tirar a(o) docente desse lugar de solidão e criar uma comunidade de troca e diálogo sobre possibilidades de trabalho, materiais de referência de cunho pedagógico etc”.
Tereza Ruiz, coordenadora do Programa Escrevendo o Futuro
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