A ausência de uma política de educação para o Brasil

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Pesquisa do CENPEC Educação corrobora artigo de Paulo Sandaña

O jornalista defende a política de educação integral como projeto educacional nas escolas brasileiras

Diretor e um dos fundadores da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), o jornalista Paulo Saldaña defende, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, uma política de educação integral como projeto educacional nas escolas brasileiras. Saldaña aborda questões como evasão escolar, distorção idade-série e condições de trabalhos dos professores a partir da pesquisa Políticas para o Ensino Médio: o caso de quatro estados (Ceará, Pernambuco, Goiás e São Paulo), divulgada na 6ª edição do Boletim Educação&Equidade pelo CENPEC Educação.

Paulo Saldaña.
Foto: Divulgação/Jeduca

Para o especialista, a implementação da educação integral esbarra, principalmente, em problemas orçamentários.”Custa mais caro manter alunos por mais horas na escola ou em atividades educacionais” afirma Saldaña. Para ele, além dos custo com docentes e alimentação, a política exigiria a construção de escolas em diversas regiões brasileiras. “Mais da metade dos municípios do País só tem uma unidade de ensino médio, por exemplo”, pontua.

O jornalista comenta o “apagão” de investimentos em escolas de tempo integral, que pegou as instituições de ensino de surpresa ao longo do ano. Ele relaciona a situação ao bloqueio de recursos na educação, mas pontua que o cenário “é sintoma da falta de um projeto educacional (por parte do governo)”.

A proposta do governo de que os alunos da educação básica tenham aulas no contraturno das universidades não é uma política educacional de Estado, segundo Saldaña. “Não parece medida coerente com o que se espera do MEC (Ministério da Educação) ”, explica, apesar de reconhecer que, para alguns lugares, a medida pode, sim, trazer resultados positivos.

No artigo, Saldaña coloca em cheque a falta de financiamento educacional e a desigualdade brasileira como entrave para o aprimoramento e expansão da educação em tempo integral. A pesquisa do CENPEC Educação mostra que, em 2016, escolas com maior carga horária atenderam alunos com melhor situação socioeconômica.

Leia o artigo (conteúdo exclusivo para assinantes)

Boletim Educação&Equidade nº6

Tabela disponível na 6ª edição do Boletim Educação&Equidade do CENPEC Educação.

Publicado em setembro de 2017, a pesquisa Políticas para o ensino médio: o caso de quatro estados (Ceará, Pernambuco, Goiás e São Paulo) foi realizada entre 2015 e 2016 pelo CENPEC Educação, com o apoio da Fundação Tide Setubal. O levantamento constatou o aumento da disparidade de jovens de grupos sociais distintos não somente no nível da aprendizagem, mas também na relação do jovem com a escola e o saber. 

O tratamento e as oportunidades oferecidas nos diversos tipos de matrícula – no caso estudado, a oferta concomitante de ensino integral e parcial, com alunos da escola em tempo integral tendo mais vantagens sobre os demais – foram apontados como alguns dos fatores que geram a desigualdade no ambiente escolar. Na tabela acima, fica evidente a diferença socioeconômica entre alunos que estudam em período integral e parcial.

Os jovens responderam perguntas sobre suas expectativas, seus desafios e a relação que estabelecem com a escola e o saber. Foram 669 questionários, preenchidos por alunos de 24 escolas públicas estaduais de 17 municípios – seis escolas em cada um dos estados estudados, com prioridade para as unidades localizadas em territórios com maior vulnerabilidade socioeconômica.

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