Melhoria da aprendizagem no ensino fundamental

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Melhoria da aprendizagem no ensino fundamental

CENPEC Educação, em parceria com Itaú Social, realiza encontro com municípios da Paraíba para oferecer novo projeto

Por João Marinho

Nesta terça (18) e quarta-feira (19), o CENPEC Educação e o Itaú Social  realizam, em Itabaiana (PB), das 8h às 17h, um encontro com municípios da Paraíba para oferecer o programa Apoio Pedagógico Complementar, com o objetivo de dar assessoria e formação a técnicos de secretarias de Educação e ajudar nos desafios da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental.


O Brasil e a distorção idade-série

Se o Brasil avançou na cobertura do atendimento escolar para a população entre quatro e 17 anos de idade, chegando a 94,2%, é também verdade que o pleno direito a uma educação de qualidade ainda não se realizou para milhões de crianças e adolescentes.

Entre os matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) em 2018, por exemplo, nada menos que 11% apresentavam idade superior à esperada para o ano/série, quando consideradas escolas públicas e privadas, em áreas urbanas e rurais.

Essa situação define a distorção idade-série ou distorção idade-ano, que ocorre quando há diferenças entre a idade e o ano/série que os estudantes deveriam estar cursando – e mostra uma contradição: se, por um lado, cada vez mais crianças têm acesso à escola, por outro, parte considerável não alcança os níveis adequados de aprendizagem e acumula insucessos e reprovações.

Distorção Idade-Série no Brasil, entre 2006 e 2018. Fontes: Inep/QEdu, 2018.
Distorção Idade-Série no Brasil, entre 2006 e 2018. Fontes: Inep/QEdu, 2018.

Na verdade, os 11% a que nos referimos corresponderiam a mais de 1,6 milhão de crianças, se considerarmos o total de matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental – e as estatísticas tendem a aumentar conforme se fazem recortes por ano, etapa e tipo de escola. No 5º ano, por exemplo, a distorção idade-série chega a 21% nas escolas públicas urbanas e rurais e, no 1º ano do médio, já atinge 36% para o mesmo grupo (Fonte: QEdu).


Os desafios da aprendizagem

A distorção idade-série, em geral, está relacionada à reprovação e à evasão escolar, problemas que ainda requerem atenção das políticas educacionais. Como, então, enfrentar esse desafio?

Segundo especialistas, há elementos recorrentes entre os que possibilitam o sucesso de uma rede de ensino em promover a aprendizagem de seus estudantes, como um currículo viável e incorporado por professores, formação docente em serviço, envolvimento das famílias, estudantes e comunidades, ambiente que propicie a aprendizagem e equipe escolar com metas concretas.

O programa Melhoria da Educação, do Itaú Social, incorpora esses conceitos e tem como foco fortalecer as secretarias municipais de Educação na sua capacidade de garantir acesso, permanência e aprendizado com equidade.”

Claudia Petri, coordenadora de Implementação Regional do Itaú Social

⇒ Saiba mais sobre o programa Melhoria da Educação


Articulação entre municípios

No âmbito do Melhoria da Educação, o Itaú Social, o CENPEC Educação e o Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública Integrada nos Municípios do Baixo Paraíba (Cogiva) se uniram para desenvolver o programa Apoio Pedagógico Complementar.

Na Paraíba, as taxas de reprovação e abandono das redes municipais de ensino atingem 8,9% e 1,9%, respectivamente, percentuais acima dos detectados na Região Nordeste como um todo, que são de 7,9% e 1,3%.

Nesse sentido, merece destaque a atuação e articulação do Cogiva. Composto pelos municípios de Juripiranga, Itabaiana, Salgado de São Félix, Mogeiro, Ingá, São José dos Ramos, Gurinhém, Caldas Brandão, Sobrado, Riachão do Poço, Mari, Cruz do Espírito Santo e Pilar, o consórcio tem sido interlocutor do programa, a fim de enfrentar os desafios da aprendizagem na região.

Mapa da Paraíba mostrando municípios do Cogiva.
Municípios do Cogiva. Arte: João Marinho.

A proposta do Apoio Pedagógico Complementar é oferecer assessoria e formação presencial e a distância a equipes técnicas de secretarias municipais de Educação, na forma de polo de municípios, durante o período de um ano.

Entre outras ações, estão previstas:

  • Curadoria de materiais didáticos disponíveis na rede de ensino;
  • Registros de pautas de formação;
  • Estratégia com multiplicadores – os técnicos das secretarias acessam a formação e organizam o processo de formação de professores de suas redes a partir da assessoria oferecida no programa;
  • Apoio pedagógico complementar aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, no contraturno, com foco em língua portuguesa e matemática.

O Apoio Pedagógico Complementar inspira-se no programa Aceleração da Aprendizagem, desenvolvido pelo CENPEC Educação entre 1995 e 2016 e, em consonância com o Melhoria da Educação, tem o objetivo não apenas de apresentar uma tecnologia educacional viável aos municípios, mas também que possa ser replicada posteriormente.

Érica Catalani.

O programa Apoio Pedagógico Complementar envolve ações articuladas da secretaria municipal de Educação, diretores de escola, professores e comunidade para oferecer condições ainda mais favoráveis para que os estudantes tenham sucesso na aprendizagem. Nesse sentido, é fundamental potencializar práticas pedagógicas que focam as metodologias ativas, norteadas por diagnósticos e metas de aprendizagem.”

Érica Maria Toledo Catalani, coordenadora de Projetos do CENPEC Educação

No encontro de fevereiro, a manhã do dia 18 será o momento da apresentação do programa em evento aberto para convidados, e, na parte da tarde e no dia 19, ocorrerá o trabalho de formação, contemplando o módulo de planejamento. O Portal CENPEC Educação vai noticiar o evento.


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