O que você pensa sobre autodeclaração de raça/cor?
Campanha Declarar para Respeitar, Colorir pra Educar lança primeiro vídeo educativo, que convida a refletir sobre o que fundamenta o pensamento sobre autodeclaração no Brasil
Por Débora Britto
“No Brasil, ninguém nasce negro, torna-se negro ou negra”, afirma a psicanalista e educadora especialisita em relações raciais Maria Glória Calado. Ela faz referência direta à Neusa Souza Santos, psiquiatra e psicanalista autoria do livro “Tornar-se Negro”, uma referência nos estudos sobre raça e identidade no Brasil, e nos convida a pensar sobre a importância de discutir sobre a construção da identidade negra.
Mas quantos de nós realmente compreendemos como se dá o processo de reconhecer a identidade negra na sociedade brasileira? O que você, leitora e leitor, pensa e conhece sobre autodeclaração de raça/cor?
Como explica Maria Glória Calado, a experiência concreta de tornar-se negro é um processo psíquico doloroso devido à construção histórica de subjugação e desumanização da população negra brasileira. Essa realidade, no entanto, precisa ser transformada com o resgate e valorização da resistência negra.
Ele faz parte da Campanha Declarar para Respeitar, Colorir pra Educar, criada pela Comunidade Cenpec, e tem objetivo de discutir a importância da autodeclaração, além de produzir conteúdos educativos e reflexivos sobre a questão,seus desafios e como superá-los.
Para Claudiana Cabral, “a autodeclaração é uma forma de retomar o fio da história”, reivindicando a negritude a partir de símbolos e referências positivas.
Ao longo da história brasileira, a identidade brasileira foi baseada em mestiçagem e não na pluralidade étnica. O racismo científico pavimentou esse caminhou e, por muito tempo, justificou violações e violências contra o povo negro.
Ela questiona o porquê de pessoas negras terem receio de reconhecerem sua negritude enquanto pessoas brancas, descendentes de escravocratas, têm orgulho de suas origens européias. “A diferença deve ser exaltada na busca por equidade”, complementa Claudiana.
Maria Glória Calado lembra que, se desde cedo somos bombardeados com referências negativas do que é ser negro no brasil, precisamos destacar a importância se de autodeclarar como resistência:
A autodeclarar-se significa a possibilidade de se olhar no espelho e ver como somos, de reconhecer nossa corporeidade, nossa geografia do corpo, nosso legado histórico, nossas contribuições na construção da sociedade rasteira, na construção da identidade do Brasil. Tornar-se negro é um processo que nos liberta dessa alienação, desse processo que fomos internalizando valores que não são nossos“, afirma.
Maria Glória Calado, psicanalista e educadora especialidade em relações raciais
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