Experiências didáticas para combater o fracasso escolar

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Experiências didáticas para combater o fracasso escolar

O material articula os ODSs às habilidades da BNCC e busca engajar estudantes na aprendizagem por meio de atividades interdisciplinares e inclusivas

Por Stephanie Kim Abe

O ano de 2022 traz muitos desafios à educação. Um deles é o enfrentamento da evasão e do abandono escolar – que já eram realidade no Brasil, mas que se agravaram com a pandemia. Mas não basta só trazer essas(es) estudantes de volta pra escola, como bem lembra Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec:

Jurados 2021 – Prêmio Educador Nota 10
Foto: reprodução

É muito importante que nesse momento nós tenhamos estratégias de busca de alunas e alunos que estejam fora da escola, mas ao mesmo tempo que tenhamos estratégias para mantê-los na escola. Se não, corremos o risco de buscar e elas(es) evadirem novamente.”

Anna Helena Alfenfelder

A fala foi proferida durante a videoconferência Educação inclusiva na promoção de Trajetórias de Sucesso Escolar, promovida pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em novembro. 

Na ocasião, foi apresentado um novo conteúdo produzido justamente para lidar com essa problemática: como engajar e motivar os(as) estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. São as Experiências Didáticas, que fazem parte das ações da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar do UNICEF.

As Trajetórias de Sucesso Escolar trazem um conjunto de dados que permite construir um diagnóstico da situação da escola, do município ou do estado, com relação a dados de rendimento escolar referentes a abandono, evasão e distorção idade-série, com o intuito de se traçar estratégias que combatam a cultura do fracasso escolar.

Como explicou Júlia Ribeiro, oficial de Educação do UNICEF no Brasil, durante a videoconferência:

Julia Ribeiro, oficial de Educação do Unicef no Brasil (Foto: Divulgação)
Foto: reprodução

Com as Experiências Didáticas, estamos trazendo uma proposta para que elas sejam desenvolvidas nas salas de aula, nos espaços escolares. Elas partem do contexto já conhecido de que estratégias pedagógicas inclusivas e equitativas são muito mais potentes pra engajar crianças e adolescentes em atividades que possam efetivamente ressignificar suas trajetórias escolares.”

Júlia Ribeiro

Saiba mais sobre a importância de enfrentar a cultura do fracasso escolar


Premissas 

As Experiências Didáticas são percursos didáticos que foram construídos de forma interdisciplinar, tendo como base uma articulação entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

Gestores e professores articulados em torno da alfabetização
Foto: acervo Cenpec

Maria Alice Junqueira, coordenadora de projetos do Cenpec que fez a gestão de toda a produção, explica que:

A ideia não é baixar uma Experiência Didática e fazer a proposta com o aluno tal qual está colocada. Ela deve servir como inspiração para adaptação e reelaboração de novas experiências, que tenham a ver com a realidade e o contexto local”, explica Alice Junqueira.

A contextualização é uma das quatro premissas sobre as quais foram construídas as Experiências Didáticas. Além dela, também servem como base: 

  • a intencionalidade da proposta – ou seja, contemplar os ODSs e as habilidades da BNCC); 
  • a escuta, o engajamento e a participação das crianças – garantindo assim uma criação colaborativa;
  • a acessibilidade e a inclusão, utilizando diferentes linguagens, meios e formatos, como estabelecem os princípios do Desenho Universal para Aprendizagem (DUA).

As Experiências Didáticas consideram as diversidades das(os) estudantes que estão presentes em sala de aula. E consideram, inclusive, que essa diversidade vai enriquecer o processo pedagógico, a aprendizagem.”

Júlia Ribeiro

Não à toa, os percursos didáticos foram construídos em parceria com diversas instituições, como o Instituto Rodrigo Mendes, o Cenpec, a Atina, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), etc.

No site em que estão disponibilizadas, é possível acessar a matriz que contém as orientações para a elaboração das Experiências Didáticas, assim como um infográfico que as explicam.


Temas que mobilizam e engajam

As Experiências Didáticas estão sendo disponibilizadas aos poucos no site Trajetórias de Sucesso Escolar. É possível pesquisa-las por meio de filtros, como Tema, Segmento, Competência da BNCC, Componente curricular e ODS. Elas são disponibilizadas em arquivo Word, justamente para serem editáveis.

Essas Experiências Didáticas foram produzidas por autoras(es) ligadas(os) às diferentes temáticas que abordam – e que estão intimamente ligadas às competências gerais da BNCC e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs). São temas ligados à gênero, às questões climáticas ao meio ambiente, (como semiárido brasileiro), diversidade (como povos indígenas), segurança alimentar, entre outros.”

Maria Alice Junqueira

Para Júlia Ribeiro, as Experiências Didáticas buscam contribuir para o enfrentamento da cultura de fracasso escolar:

Convidamos docentes e estudantes para que sejam coautores dessa construção, para que a gente busque romper a linearidade entre as diferentes áreas do conhecimento, fazendo com que professoras(es) trabalhem de forma integrada e estudantes sejam sujeitos desse processo. Queremos que os seus interesses e conhecimentos prévios sejam sobretudo considerados no momento de elaborar uma proposta pedagógica desenvolvida no dia a dia das escolas.”

Júlia Ribeiro

Anna Helena também reforçou a importância de realizar atividades engajadoras, que integrem o currículo e o contexto da vida dos(as) jovens:

É fundamental, nessa volta às aulas, realizar atividades que, por um lado, provoquem o engajamento, a motivação, a retomada de vínculo com a escola e o que se aprende e, ao mesmo tempo, deem conta das diferentes condições de aprendizagem que os alunos terão. Inclusive aqueles que são mais vulneráveis e têm condições que requerem uma atenção maior.”

Anna Helena Altenfelder

Confira a videoconferência na íntegra abaixo:


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