Novo curso ajuda estados a implementar estratégia de combate à exclusão escolar
Autoformativo e gratuito, o curso on-line traz diferentes percursos formativos para os(as) profissionais envolvidos(as) e busca ajudar estados a mobilizar e apoiar seus municípios
Por Stephanie Kim Abe
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019, temos cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola. Ainda que corresponda a apenas 3,7% das pessoas nessa faixa etária, esse número representa a negação do direito à educação e o aumento da desigualdade social, já que atinge principalmente as populações mais vulneráveis.
É para identificar essas crianças e adolescentes e trazê-los(as) de volta à escola que foi criada a Busca Ativa Escolar, uma plataforma gratuita para ajudar os municípios no enfrentamento da evasão e da exclusão escolar.
“A Busca Ativa Escolar é uma estratégia que busca olhar e enfrentar a cultura da exclusão escolar – que é a aceitação de que alguns meninos e meninas possam estar fora da escola, creditada como algo natural”, explica Julia Ribeiro, oficial de educação do UNICEF Brasil.
Se essa já era uma questão que o Brasil enfrenta há anos, com a pandemia ela tem sido cada vez mais discutida. Muitos estudantes tiveram o vínculo com a escola cortado, dado que as escolas estão fechadas e as aulas remotas muitas vezes não alcançam todos e todas – o que faz crescer os índices de abandono escolar.
“Para adaptar a Busca Ativa Escolar para momentos de crises e emergências – como este que estamos vivendo -, é preciso entender de que forma ela acontece e como funciona. Assim, temos materiais e o curso Busca Ativa Escolar na Prática, que são mais perenes e trazem explicações gerais sobre a estratégia e como implementá-la, e também produzimos materiais específicos para esse contexto”, destaca Julia Ribeiro.
Curso aberto, gratuito, autoformativo e com certificado
O curso Busca Ativa Escolar na Prática é aberto, mas tem como foco os(as) profissionais de educação que atuam ou têm interesse em atuar nos estados que aderiram ou querem aderir à Busca Ativa Escolar, já que contribui para a sua implementação.
Assim, no ato de inscrição, o(a) participante deve escolher uma das três trilhas formativas disponíveis, que variam de acordo com o perfil de atuação na estratégia Busca Ativa Escolar nos estados:
Gestor(a) estadual;
Coordenador(a) estadual;
Supervisor(a) estadual.
“Os temas tratados na trilha formativa de cada um dos três perfis são os mesmos, o que muda é o diálogo, para que haja uma abordagem direcionada a cada perfil”, explica Adriana Silvia Vieira, coordenadora de Tecnologias Digitais do CENPEC Educação.
O curso tem carga horária de 28 horas, divididos em sete módulos (cerca de quatro horas para cada módulo), que trazem conteúdos e informações sobre a própria estratégia e sua implementação, as causas da exclusão escolar, a importância do regime de colaboração, o funcionamento da plataforma, os planos de ação e de formação e o olhar para o retorno do estudante à escola.
Imagem: Arquivo pessoal
O curso traz materiais importantes, que podem ajudar muito e de uma forma prática: vídeos, estudos de caso, infográficos, cards que mostram o papel de cada ator, checklist sobre determinada ação ou etapa da estratégia etc. São orientações práticas sistematizadas, de uma forma muito simples e objetiva, para comunicar com os estados
Adriana Silvia Vieira, coordenadora de Tecnologias Digitais do CENPEC Educação
Os módulos são independentes entre si, o que garante flexibilidade de acordo com o horário que o cursista tem para se dedicar. Para receber o certificado, é preciso realizar todas as atividades assíncronas presentes nos módulos e acertar pelo menos 60% das respostas da avaliação final.
Vale lembrar que o Busca Ativa Escolar na Prática está aberto na plataforma Google Sala de Aula, e por isso é preciso ter uma conta e-mail do Google para participar.
Criada pelo UNICEF e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a Busca Ativa Escolar é ancorada no planejamento, desenvolvimento e implementação de políticas públicas intersetoriais que contribuam para a inclusão escolar.
“A Busca Ativa Escolar é uma ação que está muito voltada para a articulação da rede de proteção de crianças e adolescentes. Não estamos falando somente da Educação, mas da Assistência Social, da Saúde, do Planejamento, que também devem estar engajados e apoiando a estratégia”, explica Julia Ribeiro.
Esse processo de identificação, acompanhamento, verificação das crianças e adolescentes que estão fora da escola é realizado pelo município, por meio dos atores que fazem a visitação domiciliar no território. Cabe aos estados apoiar os seus municípios, por meio da mobilização e do engajamento para a implementação da Busca Ativa Escolar, e também para a manutenção deles na estratégia.
“Temos 3,2 mil municípios e 18 estados que fizeram a adesão à estratégia – o que significa que temos quase 3,3 mil diferentes estratégias de Busca Ativa Escolar sendo implementadas, pois elas acabam sendo customizadas para cada realidade”, diz Julia.
Troca de experiências e construção de uma rede colaborativa
São justamente essas diferentes experiências que o curso Busca Ativa Escolar na Prática busca trazer e potencializar, para serem discutidas e pensadas por todos e todas.
Imagem: Acervo UNICEF
É interessante notar que os estados que estão mais avançados na implementação da Busca Ativa Escolar são aqueles que buscaram ancorar a estratégia dentro de outras ações ou programas que já existiam no território. Isso mostra a grande possibilidade de adaptá-la a diferentes realidades – e por isso essas diferentes experiências, desafios e soluções estão presentes no curso
Julia Ribeiro, oficial de educação do UNICEF Brasil
Ainda que não tenha uma mediação da aprendizagem, com devolutiva das atividades, o curso permite e estimula a interação entre os(as) participantes.
“Na plataforma Google Sala de Aula, há um mural em que as pessoas podem compartilhar relatos e trocar experiências – e temos uma tutoria que acompanha essas interações e esclarece dúvidas pontuais. Queremos investir e estimular essa troca, que é muito importante”, diz Adriana Vieira.
Além do curso, a iniciativa também disponibiliza outros materiais de apoio e conteúdos formativos desenvolvidos no contexto da Busca Ativa Escolar, e que podem ser acessados gratuitamente em seu site.
O CENPEC Educação é responsável por produzir materiais formativos para os itinerários do curso para os estados e para os municípios, além de organizar conteúdos entregues por outros produtores.
O curso Busca Ativa Escolar na Prática – Municípios, no ar há cerca de um ano, é voltado para os cinco perfis de atuação na estratégia nesse âmbito: Gestor(a) político(a), Coordenador(a) operacional, Supervisor(a) institucional, Técnico(a) verificador e Agente comunitário(a). Ao contrário do curso voltado para os estados, cada uma das trilhas formativas tem número de módulos e carga horária diferentes.
Cerca de 6 mil pessoas (dados de setembro/2019), de 2.427 municípios espalhados por todos os estados brasileiros, já participaram do curso Busca Ativa Escolar na Prática – Municípios.
O trabalho desenvolvido com o projeto focado nos municípios trouxe experiência e aprimoramento no monitoramento da participação dos(as) inscritos(as), o que tem permitido ações de comunicação e engajamento voltadas para os cursistas mais efetivas, para motivá-los e manter a frequência na formação.
“Para combater a exclusão escolar, é importante, mais do que nunca, materializar o que está na Constituição e nas leis que regem a educação nacional: a articulação entre os entes federados para promover o regime de colaboração. Esse ponto central é reforçado – tanto no curso para os municípios, quanto para os estados”, diz Solange Feitoza Reis, coordenadora do CENPEC Educação.
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