Que os povos indígenas têm sofrido ataques e privação de direitos e têm sido muitas vezes ignorados pelo Estado brasileiro não é nenhuma novidade, infelizmente. Mas quando mergulhamos na história e estudamos com mais afinco documentos de décadas passadas, podemos identificar as origens e as violações sistêmicas sofridas por essa população e utilizar esses fatos como base para olhar, interpretar e pensar ações para o presente.
É nesse sentido que o Centro de Referência Virtual Indígenaé uma rica fonte para quem quer percorrer essa trilha histórica. O site faz parte do Armazém Memória ligado à Comissão Nacional Verdade (CNV) e que se dedica a mapear arquivos, fundos e coleções de interesse aos povos indígenas.
O acervo é extenso: são milhares de páginas de documentos históricos referentes aos povos indígenas e suas lutas. Há anais das Assembleias Constituintes realizadas no Brasil (1823-1988); mapas históricos; processos judiciais sobre direitos dos povos indígenas; documentos do Arquivo Nacional produzidos pelo Estado brasileiro sobre os povos indígenas; fundos e coleções indígenas e indigenistas de diferentes instituições, além de cartilhas, catálogos de filmes, livros e teses com a temática indígena, e muito mais.
Há ainda um link para o projeto Cartografia de Ataques Contra Indígenas, desenvolvido pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia.
Em meio a tanta luta e resistência, há também arte. E um dos principais expoentes dessa potente arte contemporânea indígena foi o macuxi Jaider Esbell. Nascido em Normandia, na região da Terra Indígena Raposa – Serra do Sol, em Roraima, Jaider expôs os seus trabalhos nacional e internacionalmente e recebeu indicação ao Prêmio PIPA, o maior prêmio da arte contemporânea brasileira, em 2016.
Seus trabalhos traziam os valores comunitários da sua etnia ao mesmo tempo que dialogava com os estereótipos colocados aos povos indígenas, as apropriações culturais pelos brancos e a resistência indígena.
O artista faleceu em novembro de 2021, durante a 34ª Bienal de Arte de São Paulo, da qual foi curador e destaque. Essa foi a primeira bienal em homenagem aos povos originários, em que obras de artistas ameríndios foi a grande atração.
Nádia Tobias Yanim, arte-educadora, pedagoga e bordadeira, lembra da importância do legado de Jaider:
Foto: arquivo pessoal
Naquele momento, percebemos o quanto as pessoas se revelaram ignorantes quanto à arte indígena, pois elas não tinham experimentado nada semelhante ao que Jaider trazia. Ele batia bastante na tecla de que estamos aqui, resistimos; que temos a nossa arte; que o nosso passado nos enriquece e nós o honramos, mas não estamos presos a ele ou fixados dentro da floresta querendo respeito. Ele mantinha o discurso e o pensamento iluminado de que a nossa sobrevivência – assim como a de vocês – depende da floresta.”
Nádia Tobias Yanim
Capa: reprodução
Para honrar esse legado, alguns(as) artivistas organizaram o e-book Jaider Esbell – “Um Makuna’imî entre nós”, que traz textos de familiares, amigos e estudiosos(as) de sua arte, uma coleção de fotos da exposição “Jaider Esbell: Um Makuna’imî entre nós” e de outros momentos compartilhados pelos organizadores com Jaider, além de momentos de luta e resistência dessas(es) artivistas – que seguem lutando contra o avanço do garimpo, do agronegócio e da invasão dos seus territórios.
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