Evento anual contou com presença do CENPEC Educação e outras organizações sociais parceiras da Fundação. Adolescentes, arte-educadores e convidados estiveram juntos no Catavento Cultural, em São Paulo (SP)
Por João Marinho
Educadores, convidados e internos da Fundação CASA tiveram ontem (3) uma tarde de arte, cultura e aprendizagem no Auditório do Catavento Cultural, região central de São Paulo.
Com a participação de cerca de 180 pessoas, aconteceu uma das etapas da Mostra Cultural Regional – um evento realizado anualmente nas diferentes regionais da Fundação CASA, com o objetivo de apresentar os trabalhos desenvolvidos nas oficinas de arte e cultura pelos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.
O Portal CENPEC Educação acompanhou a mostra realizada pelos internos
dos centros que compõem a DRM III (Divisão Regional
Metropolitana – Brás) e Polo ABCD–Leste. Foi a primeira vez que um evento do tipo
aconteceu no Catavento.
Meninas da CASA Chiquinha Gonzaga fazem apresentação de frevo durante a Mostra Cultural do último dia 3.
“A Mostra Cultural, nas últimas edições, vem ganhando força e visibilidade”, comenta Marília Rovaron, coordenadora de projetos do CENPEC Educação, que provê oficinas de arte-educação aos jovens por meio do projeto Educação com Arte: Oficinas Culturais.
Para esses adolescentes, ter sua potencialidade reconhecida em dimensões que não são da violência e do medo é, sem dúvida, o objetivo central de nossa ação pedagógica. Esses momentos marcam significativamente as trajetórias desses jovens, indicando novos horizontes e possibilidades.”
Entre os presentes, um total de 58 adolescentes foram, ao mesmo tempo, artistas e plateia – e acompanharam a performance dos demais meninos e meninas em poema e prosa, cinema, musicalização, teatro de fantoches, artes visuais, capoeira, maculelê e frevo, entre outras manifestações.
O evento contou com apresentação de Jonas Rocha, arte-educador na unidade Diadema, e com abertura de Pedro Jackson, do Museu Catavento, representantes da Fundação CASA e outros educadores, num auditório repleto de telas, artesanato e textos produzidos pelos meninos e meninas.
Telas, esculturas, artesanato e obras escritas por adolescentes foram expostos no Auditório do Catavento Cultural.
“Todo o trabalho que fazemos na medida socioeducativa (…) precisa fazer sentido para vocês”, disse Wellington Araújo, gerente de Arte e Cultura da Fundação CASA, aos adolescentes.
“Se retirarmos a parte da educação da medida socioeducativa, esta perde a sua essência: tudo que resta é apenas a suspensão do direito de locomoção. O CENPEC Educação é um dos parceiros da Fundação CASA que traz essas atividades educativas aos adolescentes, levando-os à aquisição de conhecimento, desenvolvimentos de habilidades e sensibilidades, o que é, na verdade, o percurso de formação de qualquer ser humano. Isso não é pouca coisa”, declarou Araújo ao Portal.
“Aprendam em todos os espaços aonde vocês puderem ir”, diz Wellington Araújo, da Fundação CASA.
A mostra começou com um vídeo sobre tolerância religiosa realizado por adolescentes da unidade Fazenda do Carmo, sob orientação do arte-educador Wilson França. Na sequência, um teatro de fantoches tratou dos temas da depressão e prevenção ao suicídio, finalizado com uma música cantada pelo adolescente N.
Da CASA
São Bernardo I, os presentes puderam acompanhar uma musicalização com
cavaquinho e violão, seguida pelo frevo das meninas da CASA Chiquinha Gonzaga,
que fizeram uma homenagem-surpresa à educadora Soraya, responsável pela
oficina.
Cultura afro-brasileira
As expressões afro-brasileiras foram um dos destaques da tarde, com apresentações de samba, batuque, maculelê e capoeira. “As oficinas do CENPEC Educação têm proporcionado para mim a oportunidade de aprender sobre culturas, principalmente por meio da capoeira”, diz A.R., interno da CASA Santo André II, que participou de uma apresentação conjunta com a unidade Santo André I jogando capoeira e, depois, com os companheiros do maculelê e a educadora Luciene.
Muitas pessoas discriminam a capoeira, assim como discriminam os internos – mas os educadores, eles acreditam em nós, acreditam que somos capazes e que, no futuro, podemos até dar formação para outras pessoas. Agradeço ao CENPEC Educação – e à capoeira – por esse aprendizado.”
A.R., adolescente da CASA Santo André II
Adolescentes no início da apresentação de maculelê, dança folclórica afro-brasileira. “Eu vim num navio de Aruanda”, cantaram os jovens.Ouça o canto dos adolescentes durante a apresentação.
A.R.R., outro adolescente da Santo André II, destaca a sabedoria trazida pelo contato com a cultura afro-brasileira: “É muito bom participar das oficinas de arte-educação. Com elas, aprendemos a respeitar o próximo – e assim vou cultivando esse respeito e levando a vida adiante”.
Segundo Ronaldo Gomes, que ministra oficinas de artes visuais no complexo de Franco da Rocha (SP), a importância da arte-educação é, de fato, dar uma visão de mundo diferente para os adolescentes: “Por meio do nosso trabalho, com esse movimento de artes visuais, música, dança, capoeira, eles aprendem que tudo isso pertence a eles também, o que lhes dá uma visão maior do que são capazes de fazer quando tiverem a oportunidade de regressar à sociedade”.
A capoeira e outras manifestações afro-brasileiras foram um dos destaques nas apresentações dos adolescentes.
“Nosso foco é sensibilizar o adolescente”, concorda o arte-educador Leonardo Mumu, que trabalha com os jovens em oficinas de musicalização. “Acredito que a música tem um poder fantástico no que se refere à conexão e contato com o outro – e os meninos ficam mais sensíveis, no sentido de olhar para esse outro e respeitar suas diferenças”.
Um ensinamento que aprendi com um adolescente que encontrei na rua, após ele sair da internação, foi a paciência. Ele me disse que, com minhas oficinas, aprendeu a respeitar o tempo das coisas: do mesmo jeito que precisou ter paciência para aprender acordes no cavaquinho, ele me disse que aprendeu que, se quiser comprar um tênis ou uma moto, precisa trabalhar e ter paciência também – e poderá conseguir.”
Leonardo fez uma homenagem às mulheres negras – tanto arte-educadoras quanto internas – durante o evento. Ouça.
“Consideramos a Mostra Cultural um momento muito especial, pois é quando adolescentes e arte-educadores têm a oportunidade de ampliar o alcance do que produzem nas oficinas, sentem e desejam para suas vidas”, conclui Marília Rovaron.
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