Seleção velada em escolas públicas

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Seleção velada em escolas públicas

Pesquisa Processos de seleção velada em escolas públicas – um estudo de caso

Este artigo, de autoria dos pesquisadores Antônio Batista, Mauricio Ernica, Luciana Alves e Vanda Ribeiro, apresenta os resultados de uma investigação que buscou identificar processos e práticas de seleção de estudantes em escolas públicas comuns – estaduais e municipais –, localizadas em regiões predominantemente periféricas.

A pesquisa buscou ainda apreender os princípios que orientam esses processos e práticas de seleção velada. Trata-se de procedimento contrário à legislação educacional local que rege o sistema de matrícula das escolas públicas comuns. Utilizando o procedimento de bola de neve, os pesquisadores entrevistaram secretários de escolas, encarregados de realizar a matrícula.

BATISTA, Antônio; ERNICA, Mauricio; ALVES, Luciana; RIBEIRO, Vanda. Seleção velada em escolas públicas: práticas, processos e princípios geradores. Educação e Pesquisa, São Paulo, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, v. 41, n. 1, p. 137-152, jan./mar. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n1/1517-9702-ep-41-1-0137.pdf
(versões em português e inglês). Acesso em: 22 novembro 2017.


Este artigo é um dos produtos da pesquisa Processos de seleção velada em escolas públicas – um estudo de caso
Período de realização: 2011 a 2013.
Parceiro: Fundação Tide Setubal 

Ementa:
A pesquisa se situa no quadro dos estudos a respeito das relações de interdependência competitiva entre escolas. De natureza exploratória e qualitativa, teve como objetivos apreender práticas e princípios utilizados por escolas públicas em processos de seleção velada de alunos para matrícula.

A metodologia consistiu na realização de entrevistas junto a secretários de estabelecimentos de ensino encarregados de realizar a matrícula. As escolas investigadas – estaduais e municipais – estão localizadas em regiões predominantemente periféricas e situadas em um contexto marcado por um modo de regulação que inibe tanto a escolha de estabelecimentos de ensino pelas famílias como processos de seleção de estudantes.

A análise dos dados revelou dois processos de seleção:
• evitamento, concretizado pela negação de cadastro e pela não aceitação de matrículas quando os solicitantes são avaliados como supostas ameaças à disciplina;
• expulsão velada, quando alunos indesejados são convidados a buscar outro estabelecimento, devido a conflitos e problemas de comportamento.

Nos dois casos, o princípio gerador das práticas e processos é assegurar a disciplina no ambiente escolar. Os dados indicam que esses preconceitos parecem penalizar principalmente famílias com nível socioeconômico e cultural mais baixo e que apresentam disposições mais distantes da cultura escolar.