Autora da oficina: Sabrina Paixão, arte-educadora e pesquisadora de HQ na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Conteúdo publicado originalmente na Plataforma do Letramento
Oficina de pesquisa, produção textos e imagens, criação artesanal de fanzines e compartilhamento das produções dos estudantes.
Materiais
• lápis grafite ou lapiseira e borracha;
• lápis de cor, giz de cera ou canetinhas de várias cores;
• cola em bastão;
• tesouras sem ponta;
• folhas sulfite;
• revistas e jornais para recorte;
• aparelho para escanear os fanzines produzidos (se for possível).
Finalidade
• conhecer o universo cultural dos fanzines, e suas formas de produção; • conhecer formatos, composições e materiais utilizados em fanzines; • estimular a construção coletiva e o compartilhamento de narrativa; • com base em um tema, elaborar textos, que podem ser integrados por ilustrações, colagens e fotografias; • promover troca e exposição dos materiais produzidos.
Expectativa
Trabalhar sistematização da pesquisa; criatividade em se expressar sobre temas com os recursos disponíveis; capacidade de síntese; leitura de imagens; composição de páginas; trabalho em grupo, com distribuição de tarefas e organização do material, da pesquisa e da confecção do fanzine.
Público
Ensino Fundamental e Médio
Espaço
Ateliê de artes, sala de aula ou biblioteca
Duração
3 a 5 encontros de 1h a 1h30
Início de conversa
“Faça você mesmo, faça para entender, crie um mundo novo.” Essa frase de Redson Pozzi, músico brasileiro engajado ao movimento punk rock, define o espírito do fanzine.
Fanzine para todos os gostos
Os fanzines, termo criado pela união de duas palavras em inglês − fanatic (fã) e magazine (revista) −, surgiram na década de 1930 como publicações amadoras de baixo custo feitas artesanalmente por fãs de ficção científica para divulgar seus textos.
Ao longo do tempo, com os movimentos juvenis dos anos 1960, e em face da censura, os fanzines se expandiram e abarcaram outros grupos − como punks, feministas, veganos, aficionados por jogos eletrônicos, cinéfilos − e gêneros textuais − quadrinhos, resenhas de cinema, literatura, poesia, fotografia e demais expressões artísticas.
Produzidos artesanalmente e reproduzidos por meio de fotocópia (xérox), mimeógrafos e recentemente a digitalização, são publicações feitas em pequenas tiragens, sem fins lucrativos, que priorizam a criatividade, o (re)uso de materiais disponíveis e a troca de exemplares.
Também chamadas de zines, essas publicações iniciam-se como espaço para discutir, trocar informações e divulgar trabalhos amadores acerca de um tema. Partindo do princípio “faça você mesmo”, as temáticas, as formas e os materiais para compor um fanzine são quase ilimitados, como veremos. Assim, produzir fanzines no ambiente escolar é uma experiência riquíssima, pois abarca todas as disciplinas e inclui os saberes dos alunos, valorizando suas habilidades e integrando-as na produção final de um exemplar que pode ser compartilhado com todos.
Na prática
Sugestão de encaminhamento
Para iniciar o projeto, é necessário escolher o tema – ou os temas – que será abordado no fanzine. Você pode definir um tema geral ou estimular os estudantes a fazerem pesquisas e escolherem alguns temas. O segundo passo é escolher o formato do fanzine. Para isso, é interessante trazer diferentes modelos para a turma conhecer e escolher os que mais lhes atraírem. Em seguida, é importante definir o número de páginas e o acabamento que se pretende dar à publicação. Dependendo de sua intenção e do tema, você pode dedicar duas aulas ou até desenvolver um projeto que englobe o bimestre. Os alunos podem criar microfanzines em uma oficina prática durante a aula, ou elaborar fanzines mais complexos ou com maior número de páginas, durante um período maior.
Esta atividade pode ser elaborada em qualquer disciplina, inclusive interdisciplinarmente. Os estudantes podem criar zines sobre esportes, ciências, literatura e produção textual, línguas estrangeiras, atualidades, meio ambiente, entre tantas outras temáticas. Por ser de fácil montagem e manejo e permitir a livre criação dentro do tema, o fanzine contribui para uma apreensão efetiva e mais transparente acerca dos saberes, da argumentação e do ponto de vista do estudante diante do tema proposto, além de propiciar a criatividade e o trabalho em grupo.
Inicie uma roda de conversa perguntando se os alunos já ouviram falar de fanzines. Se não, comece a proposta por aí, explicando o que são e seu contexto de surgimento, ou propondo uma pesquisa rápida para alimentar o bate-papo. Se possível, leve fanzines para que eles folheiem. Se não tiver possibilidade, leve imagens de capas e páginas internas de fanzines, que podem ser encontradas com uma busca na internet. Em seguida, estabeleça com a turma o cronograma e os materiais que podem ser utilizados (revistas, fotos, lápis coloridos, folhas coloridas, cola, grampeador, fitas etc.).
Para o desenvolvimento do projeto, vocês podem optar por um processo mais artesanal ou utilizar ferramentas da web. O trabalho pode ser feito em grupos de até quatro integrantes ou individualmente. Defina o tamanho mínimo e o máximo de páginas, destacando que o fanzine possui capa e contracapa com “editorial”, onde serão colocados o nome dos participantes e a data, bem como o número do exemplar.
Ao final, os estudantes podem trocar seus zines entre si ou com outras turmas; promover uma exposição em que atuem como mediadores, explicando ao público a concepção do trabalho; fazer cópias a baixo custo e distribuí-las; alimentar um blog ou uma página em rede social com os zines digitalizados; criar uma zineteca na sala de leitura ou biblioteca da escola…
Libere a criatividade e improvise! Utilize materiais disponíveis, como fitas, linhas, carimbos e até estêncil.
Explore recursos livres na rede! • Gimp: software livre muito usado para criar páginas de jornais, revistas e fanzines. Assista ao vídeo tutorial para uso do programa.
• Scribus: outro recurso livre bastante usado por fanzineiros para montar as publicações. O canal Valeu Cara oferece um curso básico sobre o programa.
Mais sobre o mundo dos zines
O tema despertou interesse? Que tal saber mais? Indicamos a seguir alguns livros, artigos e vídeos para mergulhar no universo dos fanzines. Não deixe de procurar em sua região bibliotecas com acervo de histórias em quadrinhos, que podem conter também fanzines. Não esqueça que a maior aprendizagem na produção de zines é experimentar possibilidades de expressão e compartilhar saberes e talentos!
Livros: SNO, Márcio. O universo paralelo dos zines. São Paulo: TimoZine, 2015. PINTO, Renato Donisete. Fanzine na educação: algumas experiências em sala de aula. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2013. SOCIEDADE CAPIBARIBE DE EDUCAÇĂO E CULTURA (Socec). Quadrinhos e educação, v.1: relatos de experiência e análises de publicações. Jaboatão dos Guararapes: Socec, 2015. SANTOS NETO, Elydio dos; SILVA, Marta Regina Paulo da (Org.). Histórias em quadrinhos e práticas educativas. São Paulo: Criativa, 2013. v. 1. MUNIZ, Cellina (Org.). Fanzines: autoria, subjetividade e invenção de si. Fortaleza: Ed. UFC, 2010.
Gibitecas: Gibiteca Municipal de Santos (SP) Gibiteca Municipal Henfil, São Paulo (SP) Gibiteca da Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado, Leopoldina (MG) Gibiteca de Curitiba (PR)
Artigos e pesquisas: PINTO, Renato Donisete. Fanzine como recurso pedagógico nas aulas de Educação Física em uma escola municipal. Disponível em: GPEF. Acesso em: jun. 2016. BASAGLIA, Ana Paula H. F. Fundamentos do design gráfico aplicados no fanzine. Experimento realizado em escola de Ensino Fundamental de São Paulo. 2011. Monografia (Pós-graduação lato sensu em Design Gráfico: conceito e aplicação) – Fundação Armando Álvares Penteado – Faap, São Paulo, 2011. Disponível em: Dropbox. Acesso em: jun. 2016.
Documentários: Fanzineiros do século passado, capítulo 1. Dir. Márcio Sno.
Zine-se: mensageiros de papel. Em forma de documentário, o trabalho de conclusão de curso de Rádio e TV de Gladson Caldas (2011) mostra as atividades de fanzineiros em Fortaleza (CE).
Blogs e matérias: Zinismo: “Zinismo é um blog coletivo, autoral e independente formado por uma confraria de fanzineiros separados pela distância física e aproximados pela era digital.” 365 fanzines: blog que divulga e disponibiliza fanzines variados para leitura. Zinco: Centro de Estudo, Pesquisa e Produção em Mídia Alternativa (página do Facebook). IFanzine: projeto de extensão do Instituto Federal Fluminense, campus Macaé (RJ), que promove a cultura do fanzine e sua aplicabilidade no ensino-aprendizagem. Fanzinoteca Mutação: blog que oferece a visualização de fanzines a diferentes públicos. Thina Curtis e a presença da mulher em HQs e fanzines. Disponível em: http://acoisatoda.com. Acesso em: jun. 2016.
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