Confira uma série de eventos que celebram o centenário dessa importante data e jogam luz a diferentes aspectos de suas influências
Por Stephanie Kim Abe
Não tem como falar de Semana de Arte Moderna de 1922 sem pensar em São Paulo. A capital paulista foi não só palco do evento, mas também celebrada em diversas das produções modernistas subsequentes. É o caso de “Pauliceia desvairada”, segundo livro de poemas de Mário de Andrade, um dos artistas que compunham o Grupo dos Cinco e grande expoente do Modernismo brasileiro. Na obra, encontramos poemas que falam das mudanças da cidade, sua urbanização, suas contradições, seu dinamismo.
Assim como a cidade foi celebrada pelas(os) modernistas, ela também os homenageia por todo canto. Espalhados por São Paulo, há diversos monumentos assinados por artistas modernistas, como Victor Brecheret, e prédios que contam ou espelham a história do movimento – tal qual o Theatro Municipal, onde ocorreu a Semana de 1922.
No Mapa do Modernismo em São Paulo, você encontra 42 obras de arte moderna brasileira em espaços públicos, como o Parque Trianon e o Monumento às Bandeiras, e 21 instituições culturais (Museu Lasar Segall, Museu de Arte Moderna – MAM, Pinacoteca etc.) que abrigam obras modernistas na capital paulista. As localidades estão todas georreferenciadas e trazem informações sobre cada um dos pontos apontados.
Muitas dessas instituições culturais paulistanas estão com exposições e eventos em cartaz para celebrar a data. Algumas buscam abranger e contextualizar todo movimento modernista, outras trazem visões críticas e contemporâneas sobre a Semana de Arte Moderna.
O Portal Cenpec selecionou quatro delas, que trazem diferentes olhares sobre a Semana de Arte Moderna:
A gente somos – reantropofagizando o Brasil (Círculo de saberes Mekukradjá)
“Reantropofagizar é rever – ver de novo – o que não foi visto. Talvez revelar – tirar o véu – do que nos foi ocultado quando as vozes ancestrais não tinham eco em uma sociedade brasileira que ensaiava se conhecer conhecendo o desconhecido, propositadamente deixado oculto. Querer reantropofagizar é deixar de ser apenas o alimento e ser, também, aquele que se alimenta com o que fizeram de nós”
É assim que a curadoria desse evento, realizado pelo Itaú Cultural, define a sua proposta. Ela dialoga com o conceito de Oswald de Andrade de “antropofagia”, explicada no Manifesto Antropófago, um dos principais documentos sobre o movimento modernista.
A proposta de reantropofagizar é do artista Denilson Baniwa, e é a partir dessa provocação que partem as seis mesas de debate virtual, que vão discutir a presença de indígenas na cultura brasileira e a sua invisibilização na história do nosso país.
Daniel Munduruku, Naine Terena e Júnia Torres assinam a curadoria do evento.
A plataforma oferece ainda apresentações de teatro como “Bodas de sangue”, peça do Coletivo Esperanza inspirada na obra do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca e no movimento surrealista, e do documentário “Adelaide, aqui não há segunda vez para o erro”, sobre a vida e a obra da escritora paulistana Adelaide Carraro, censurada nos anos 1950 e 60 por escrever livros-denúncia sobre a elite e a política vigente, além de obras que defendiam a libertação sexual feminina.
Vista como a maior exposição sobre o modernismo brasileiro já realizada, ela traz mais de 300 obras e documentos relacionados ao movimento, contando os detalhes e os marcos da vida e obra dos seus principais expoentes: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Cícero Dias, Di Cavalcanti etc.
A mostra é fruto da parceria entre o Centro Cultural Fiesp (CCF) e o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), instituição que guarda o maior acervo sobre o modernismo no país.
Quando? Até 29/5/2022
Onde? Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp (Avenida Paulista, 1313 São Paulo-SP)
Como o próprio nome já anuncia, essa exposição realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo busca jogar luz às reminiscências do modernismo na arte contemporânea por meio das obras de 51 artistas, entre eles Adriana Varejão, Arnaldo Antunes, Ernesto Neto e Tunga.
A curadora Tereza de Arruda explica:
Esta exposição não é idealizada com o olhar histórico, mas sim focada na atualidade com obras produzidas a partir de meados da década de 1960 até o dia de hoje, sendo algumas inéditas, ou seja, já com um distanciamento histórico dos primórdios da modernidade brasileira. Não é uma mostra elaborada como um ponto final, mas sim como um ponto de partida, assim como foi a Semana de Arte Moderna de 1922 para uma discussão inovadora a atender a demanda de nosso tempo conscientes do percurso futuro guiados por protagonistas criadores.”
Tereza de Arruda
O Educativo do CCBB produziu ainda quatro vídeo-pílulas que focam diferentes aspectos da exposição, discutindo de forma rápida e didática questões importantes relacionadas a identidade, brasilidades e arte contemporânea.
Quando? Até 7/3/2022
Onde? CCBB São Paulo (Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo-SP)
Centenário da Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal
A programação do Theatro para celebrar a Semana de 22 traz apresentações da Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Paulistano, Quarteto de Cordas e Balé da Cidade, além de ciclo de encontros, shows, saraus e exposições. As festividades começaram no dia 10 e segue com algumas apresentações até o final do mês.
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