Um olhar para a proteção de jovens negras contra racismo e bullying
Série de vídeos animados debate os impactos dessas práticas na vida e na educação de crianças e jovens negras; saiba mais
Por Stephanie Kim Abe
No último dia 25 de julho, comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Por causa da data, há uma intensa programação cultural que celebra o Julho das Pretas, com o intuito de dar visibilidade à luta das mulheres negras contra as opressões de raça e gênero. No Brasil, a data é ainda mais importante porque homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, desde 2014 (Lei n° 12.987/2014).
O tema é urgente e se mostra presente também na educação – principalmente com a pandemia. De acordo com a PNAD Covid-19, realizada em setembro, 6,4 milhões de estudantes não tiveram acesso às atividades escolares no Brasil. Quando aplicamos um recorte de raça a esse dado, descobrimos que 4,3 milhões desses(as) estudantes são negros(as) e indígenas – o triplo de crianças e adolescentes brancos (1,5 milhões).
Com as escolas fechadas e as atividades remotas, o olhar atento para o comportamento dos(as) estudantes on-line se torna ainda mais necessário. Por ser um espaço democrático e aberto, a internet traz muitas possibilidades e liberdades, mas também riscos.
Pesquisa TIC Kids Online Brasil. Foto: reprodução
Um estudo feito pela TIC Kids Online Brasil 2019, realizado pela Cetic.br, constatou que 33% das meninas entrevistadas entre 9 e 17 anos se referiram à cor ou raça como motivo de sofrer ou testemunhar discriminação. Além disso, 43% viu alguém ser discriminado na internet naquele ano.
Devido a esse cenário, o Geledés – Instituto da Mulher Negra lançou a campanha Racismo e Bullying: como proteger jovens negras?, em parceria com o Instagram Brasil e a SafeNet Brasil. A campanha consiste de uma série de três vídeos animados, que tratam de como o racismo e o bullying impactam a vida de jovens e crianças negras. O objetivo é incentivá-las a buscar seus direitos e ficar atentas a essas discriminações.
Temas abordados
Quem conduz a narrativa é Guta, uma menina negra de 13 anos, que tenta compreender, junto com os(as) espectadores(as), os impactos e as consequências das situações apresentadas em cada vídeo.
No primeiro, o objetivo é discutir os conceitos de racismo e bullying, como eles diferem para a população negra que sofre esses ataques e como são construídas essas discriminações em nossa sociedade. Para explicá-los, o episódio conta com a participação de Suelaine Carneiro, coordenadora do programa de educação do Geledés, e Juliana Cunha, psicóloga e representante da SaferNet Brasil.
Racismo não é bullying, porque o racismo desumaniza a pessoa. Ele pega suas caracteristicas fisicas e vincula a animais, tira a nossa humanidade, nosso pertencimento. Ele se dirige à nossa cultura, às nossas festas, aos nossos ritmos ou à nossa religiosidade como não do caráter humano, científico, ali não tem produção, não tem reflexão.”
Os perigos da evasão escolar e as razões que levam as crianças a abandonar a escola são o tema do segundo vídeo. Gravidez e trabalho doméstico são alguns desses motivos – e que acabam por afetar mais mulheres negras. Para falar sobre o assunto, Guta conversa com Viviana Santiago, representante da Unicef, e Mayara Souza, advogada e líder do Programa Marielle Franco.
Foto: reprodução
Há a questão da evasão escolar, que é extremamente grave, quando uma criança ou adolescente rompe o vínculo com a escola, mas ainda existe uma expectativa de retorno. E há a desistência, quando a gente perde, de fato, essa adolescente. Quando uma jovem ou adolescente desiste do ambiente escolar, toda a sociedade está perdendo a oportunidade incrível de evoluir.”
Por fim, o terceiro vídeo aborda a questão da saúde mental e do afeto. O gatilho que inicia a conversa é o dado do Ministério da Saúde de que a cada 10 adolescentes que tiram a própria vida, seis são negros(as). A educadora convidada Clélia Rosa, mestre em Educação pela Unicamp, reitera que essa não é uma pauta exclusiva da juventude negra, mas que os números mostram como essa população pode ser mais afetada – daí a importância de uma educação que olhe para as questões de raça e gênero.
Foto: reprodução
Toda a questão racial não é um assunto exclusivo das pessoas negras. A pauta racial é uma demanda da sociedade. […] Reivindicar uma educação antirracista eu vejo como reivindicar direito ao afeto. Então a escola também é um território de afeto. E se gente quer garantir aprendizagem, a gente precisa garantir afeto.”
O Portal Cenpec usa cookies para salvar seu histórico de navegação. Ao continuar navegando em nosso ambiente, você aceita o armazenamento desses cookies em seu dispositivo. Os dados coletados nos ajudam a analisar o uso do Portal, aprimorar sua navegação no ambiente e aperfeiçoar nossos esforços de comunicação.
Para mais informações, consulte a Política de privacidade no site.
Para mais informações sobre o tipo de cookies que você encontra neste Portal, acesse Definições de cookie.
Quando visita um website, este pode armazenar ou recolher informações no seu navegador, principalmente na forma de cookies. Essas informações podem ser sobre você, suas preferências ou sobre seu dispositivo, e são utilizadas principalmente para o website funcionar conforme esperado.
O Portal Cenpec dispõe de cookies estritamente necessários. Esses cookies não armazenam informação pessoal identificável. Eles são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.