"O pranto dos livros", inédito de Antonio Candido

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“O pranto dos livros”, inédito de Antonio Candido

O amor imortal pelos livros é tema de ensaio deste grande autor que celebraria 101 anos

O crítico literário, sociólogo e professor Antonio Candido faria hoje 101 anos de vida. Nascido em 24 de julho de 1918 e falecido em 12 de maio de 2017, Candido foi um dos maiores pensadores do Brasil. Autor de livros como Formação da literatura brasileira (1959), Literatura e sociedade (1965) e O romantismo no Brasil (2002), além de artigos e ensaios publicados em jornais e revistas, suas obras marcaram nosso cenário cultural.

Promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Arquivo/ABr

Aliado à frutífera carreira intelectual, como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), Candido sempre atuou na defesa dos direitos humanos e sociais.

Um de seus textos mais lidos e comentados é “O direito à literatura”, ensaio apresentado pela primeira vez em um dos ciclos de palestras sobre direitos humanos organizados pela Comissão Justiça e Paz na Faculdade de Direito da USP, entre abril e maio de 1988. Nesse período, estavam em pleno vapor os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte na elaboração da nossa Carta Magna democrática, após 21 anos de regime militar.

Jean-Honoré Fragonard: A Leitora
Jean-Honoré Fragonard, A leitora, c. 1770. Fonte: Wikipédia

a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado.”

Antonio Candido, “O direito à literatura” (1988)

Nesse texto, que marcou a abordagem sobre a leitura de fruição, o autor defende o sonho, a fabulação, a fruição estética possibilitada pelas artes como manifestações comuns a todas as pessoas. Assim, a literatura, como as outras artes, seria um direito básico do ser humano.

Palavras que sobrevivem ao tempo

Na verdade, ele os queria mais do que como simples leitura. Queria-os como esperança de saber, como companhia, como vista alegre, como pano de fundo da vida precárias e sempre aquém.”

O trecho acima foi extraído de um dos quase cem cadernos inéditos do autor de Parceiros do rio Bonito. Escrito em 17 de janeiro de 1997, reeditado e atualizado pela revista Piauí, o texto foi distribuído gratuitamente durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho de 2019. Nessas linhas, o crítico literário registra, em tom íntimo e poético, seu grande amor pelos livros, obras que imortalizam ideias, experiências, sonhos, sensações e sentimentos, atualizando-se em outros tempos e espaços por meio do ato de ler.

LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA


Veja também:

Jorge Miguel Marinho: Fabulação: um mundo onde todos sonham

Enciclopédia Itaú Cultural: Antonio Candido

Ensaio: O direito à literatura



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