É bem possível que o primeiro contato que você teve na escola a respeito dos povos indígenas tenha sido a partir da história sobre o “descobrimento” do Brasil, não é mesmo? Ou que os tenha estudado como povos do passado, como se eles já não existissem hoje em dia.
Mas, na realidade, os primeiros povos desta terra não foram os navegantes portugueses, e sim os povos originários. Assim como eles ainda existem no Brasil: de acordo com o Censo Demográfico do IBGE, de 2022, são quase 900 mil indígenas pelo país, presentes nas cinco regiões brasileiras.
Foi a diversidade cultural, étnica e os saberes ancestrais desses povos que marcaram a constituição do Brasil, habitado por tantas e diferentes pessoas. Apesar disso, a história do nosso país é marcada pela violação de direitos dos povos originários, muito por conta do avanço do capitalismo e das políticas expansionistas.
Na educação, houve um tempo em que, ao frequentar escolas, as pessoas indígenas eram proibidas de falar na própria língua e expressar-se nas suas culturas e de acordo com seus costumes. Além disso, os saberes e valores dessas comunidades eram pouco abordados ou praticamente ausentes nos currículos das escolas não indígenas – ou mesmo tratados de forma estereotipada e preconceituosa. Por vezes, esses conteúdos eram restritos a datas específicas, em alusões reducionistas sobre suas vivências e saberes ancestrais.
Com a criação da Lei nº 11.645, de 10 março de 2008, o ensino da história e cultura indígena tornou-se obrigatório no ensino fundamental e médio, em escolas públicas e particulares do país. Embora seja um marco para a construção de uma educação com mais equidade e que promova o respeito e a valorização das culturas indígenas, a efetividade dessa lei ainda encontra desafios no chão da escola.
É dessa importante temática que trata o primeiro episódio do podcast Educação na ponta da língua, uma iniciativa do Cenpec, em parceria com o programa Escrevendo o Futuro, apoiado pelo Itaú Social, disponível gratuitamente em diferentes plataformas de streaming.
No episódio, o tema é tratado pelas professoras Silmara Francisca, arte-educadora e professora da rede municipal de São Paulo (SP), e Adriana Pesca (Hitxá Pataxó), professora indígena atuante na Escola Indígena Pataxó Coroa Vermelha e no Colégio Estadual Indígena Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália (BA). A apresentadora do bate-papo é Gina Vieira Ponte, que também é professora, especialista em desenvolvimento humano, educação e inclusão escolar.
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Adriana Pesca (Hitxá Pataxó) é licenciada em História pela e graduada em Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), na turma pioneira nas licenciaturas interculturais da Bahia. Fez mestrado em Ensino e Relações Étnico-raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGER/ UFSB) e é especialista em História da Cultura Afro-brasileira e africana pela Faculdade Santo Agostinho (FACSA). Pesquisa autoria indígena e processos de escrita-resistência indígena por meio da literatura e produção científica.
Silvania Francisca de Jesus é graduada em Letras Português/Inglês, mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutoranda no programa Diversitas/FFLCH-USP. Leciona na rede municipal e estadual de São Paulo como professora e atualmente como coordenadora no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Perus, no município de São Paulo. É também contadora de histórias e pesquisadora de diferentes culturas. Atua como educadora Griô resgatando a ancestralidade indígena e africana.