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    Línguas e literatura indígena na escola

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    (…)

    Brasil, o que faço com a minha cara de índia?

    Não sou violência

    Ou estupro

    Eu sou história

    Eu sou cunhã

    Barriga brasileira

    Ventre sagrado

    Povo brasileiro

    Ventre que gerou

    O povo brasileiro

    Hoje está só…

    A barriga da mãe fecunda

    E os cânticos que outrora cantavam

    Hoje são gritos de guerra

    Contra o massacre imundo

    (Poema “Brasil”, de Eliane Potiguara. Metade cara, metade máscara. 3ª ed. Rio de Janeiro, Grumin Edições, 2018. Site oficial: www.elianepotiguara.org.br)

    A leitura desse potente poema de Eliane Potiguara, primeira mulher indígena a publicar literatura indígena no Brasil, logo no início desse episódio, dá o tom da força que buscar, ler e apreciar as produções literárias dos povos originários tem para trazer novas perspectivas sobre eles e valorizar sua cultura e ancestralidade.

    Dentro desse guarda-chuva, a preservação das mais de 175 línguas indígenas brasileiras é uma das mais urgentes. 

    Assim, levar a literatura indígena para as salas de aula é um compromisso que as escolas brasileiras devem assumir. Afinal, como explica a professora e escritora Mathilde Makuxi: “O trabalho da literatura indígena escrita por nós, indígenas, geralmente quebra aquela imagem estereotipada do índio, criada por séculos – não só no Brasil, como no mundo. Através da literatura indigena, as crianças começam a conhecer o verdadeiro indígena, ver que ele tem as suas próprias línguas, culturas e costumes. (…) Essas crianças crescem e se tornam adultos menos preconceituosos“.

    Mathilde é uma das convidadas desse quarto episódio do podcast Educação na ponta da língua. Além dela, também participa desse bate-papo o escritor, contador de história e educador Kamuu Dan Wapichana.

    Eles conversam sobre a importância da literatura indígena para a formação de crianças e adolescentes, como valorizar e compartilhar as obras bilíngues nas escolas e quais experiências em sala de aula e na formação docente eles já tiveram no sentido de valorizar as línguas, culturas e visões de mundo dos povos indígenas na escola.

    A conversa é mediada por Gina Vieira e tem cerca de meia hora.

     


    Confira o episódio em uma das plataformas:

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    Saiba mais sobre as (os) participantes deste episódio:

    Kamuu Dan Wapichana (Filho do Sol) nasceu em Boa Vista, Roraima. Originário do Povo Wapichana, é escritor, contador de histórias, educador socioambiental popular, permacultor e membro da Associação Cultural Manuru Paunary. Seu trabalho de formação continuada para o ambiente escolar tem como base a importância da literatura de autoria indígena. Atualmente Kamuu tem quatro livros publicados, tendo sido premiado três vezes pelo Concurso Tamoio para escritores indígenas.

    Mathilde Makuxi é professora do ensino fundamental I pelo estado de Roraima e também pelo município de Bonfim, ativista e escritora do povo Makuxi, também conhecida por (Maiwa’ pa) que significa Pata. Mathilde é pedagoga pela Universidade Estadual de Roraima e mestra em Letras pela Universidade Federal de Roraima.

    Nadia Tobias Yanim, é pedagoga, arteterapeuta, fotógrafa e bordadeira artesã. Nascida em Manaus (AM), vive atualmente no estado de São Paulo, onde pesquisa danças circulares, culturas populares e desenvolve oficinas de arte-educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.