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Como representar, em uma imagem, um projeto que está começando a ser implementado e visa contribuir para que todas e todos estudantes do território, principalmente aqueles em condições de maior vulnerabilidade, tenham acesso à escola pública, de qualidade e com equidade, e possam aprender na idade certa e se desenvolver em todas as suas dimensões? Essa foi a provocação que abriu a cerimônia de celebração do Projeto Desenvolvimento Escolar e que colocou as cerca de 60 pessoas presentes para refletir.
Ocorrido em 12 de dezembro de 2025, o evento on-line foi apresentado por Bira Azevedo e reuniu diversas pessoas participantes do projeto, entre pessoas formadoras, gestoras escolares, técnicas e dirigentes das secretarias de educação de Barrocas e Santaluz – municípios baianos participantes – e representantes da equipe do Cenpec e da Equinox Gold, financiadora do projeto.
Entre as imagens sugeridas, o nascer do sol no sertão foi uma das que prevaleceram. Faz sentido. 2025 foi o ano de colocar em prática o Plano de implementação plurianual, construído em 2024 com base no diagnóstico educacional de cada um dos dois municípios. O Plano foi fundamentado em uma Teoria da Mudança, que orienta as transformações esperadas nos níveis institucional e pedagógico, com base em metas progressivas e em evidências, e traz ações a serem realizadas nos próximos seis anos – ou seja, é um plano em longo prazo.
Este primeiro ciclo, que iniciou em abril, focou no fortalecimento das capacidades locais de gestão, planejamento e acompanhamento pedagógico, com apoio técnico e formativo para consolidar instrumentos, práticas e estruturas que assegurem o direito à educação com qualidade e equidade. O dia, de fato, está só começando em Barrocas e Santaluz.
A imagem de uma ponte também foi utilizada para descrever o projeto ao longo do ano. E, considerando que ela é uma estrutura construída para estabelecer ligação entre duas partes separadas, ilustra bem as ações realizadas.
Para garantir um avanço técnico e estratégico da rede, foram criados quatro grupos de trabalho (GTs) em cada município, que incluíram educadoras(es), técnicas(os) e gestoras(es): de Equidade, de Avaliação, de Planejamento e de Gestão de Recursos Educacionais. Esses GTs participaram de workshops, encontros virtuais com especialistas nas suas respectivas temáticas que promoveram momentos de estudo, reflexão e planejamento colaborativo – e que permitiram a troca e a colaboração entre os dois municípios localizados no nordeste da Bahia, já que eram atividades conjuntas de Santaluz e Barrocas.
Ao todo, foram feitos 14 encontros, totalizando 42 horas, e que serviram tanto para a construção coletiva de referenciais como para a preparação de painéis de acompanhamento e o fortalecimento da mediação pedagógica.
Não tínhamos imaginado que o nosso vizinho tinha tantos problemas quanto nós, e tampouco dialogado sobre. Quando o Cenpec nos proporciona essa ponte do espaço geográfico, nós conseguimos falar de problemas do território como um todo, e as soluções que Barrocas e Santaluz trouxeram serviram para todo o território, não apenas para um município”, sintetizou Marli Nunes Lima, secretária de educação de Santaluz.
Foi ela mesma quem explicitou outras ligações possíveis com as ações do projeto, como entre o velho pensamento e as novas ideias e maneiras de pensar formações; o tempo imaginário e o tempo real de execução para conseguir dar conta dos compromissos; a singularidade e a diversidade de opiniões. Todas essas partes, antes separadas, passaram a se conversar e interagir ao longo do ano, de forma que as melhores estratégias para o avanço da educação nos municípios fossem alcançadas.
Os ateliês – como foram chamados os encontros presenciais de formação continuada – foram momentos fundamentais para que essas conexões ocorressem. Foram realizados 10 ateliês, somando 160 horas de atividade em cada cidade, que reuniram especialistas da equipe do Cenpec com as coordenações pedagógicas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) para debater sobre avaliação, planejamento e equidade.
Os ateliês de Língua Portuguesa e de Matemática foram considerados excelentes e totalmente alinhados à nossa realidade. Foram uma unanimidade! As formadoras respeitaram a nossa identidade, souberam entender as nossas realidades e, então, orientar as nossas práticas pedagógicas no município”, enfatizou Gabriela Carvalho, ponto focal de Barrocas.
Em paralelo às formações, ainda foi feito o acompanhamento técnico das redes por meio de seis tutorias especializadas, de duas horas cada, com foco no acompanhamento da equipe técnica da secretaria para a implementação dos planos, a reflexão coletiva sobre os avanços e a mediação das entregas dos GTs. As tutoriais foram fundamentais para garantir o alinhamento e o estabelecimento da parceria com as secretarias de educação. Também foram construídas e aplicadas rubricas de autoavaliação, um instrumento estratégico para compreender o ponto de partida da gestão educacional e do trabalho pedagógico nos territórios.
Para mim, uma das principais conquistas deste ano foi a construção de vínculos, de pessoas que tem diversidade de ideias e fez disso uma potência e que construiu muita coisa em conjunto”, disse Priscila Beltrame Franco, coordenadora de programas e projetos do Cenpec.
Não à toa, uma das frases surgidas durante o encerramento que resume os sentimentos das pessoas participantes e a jornada do Projeto Desenvolvimento Escolar foi: “se quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá acompanhado”.
Vendo de perto como o projeto foi ganhando forma, ficou nítido como ele é um caminho de construção conjunta. Cada reunião, dado, conversa virando decisão em favor dos estudantes me marcou muito. E o que fica do percurso é o cuidado e a coragem das equipes de Barrocas e Santaluz para enfrentar os desafios e seguir apostando na educação de qualidade”, destacou Juvenal Coelho, especialista do Cenpec e gestor de implementação do projeto.
Houve ainda quem remeteu à figura de uma árvore frondosa para caracterizar o projeto – outra imagem bem adequada. Primeiro, porque, para uma árvore crescer firme e forte, dando bons frutos, ela precisa estar bem enraizada e adaptada ao território em que se encontra.
Esta foi justamente a expectativa deste primeiro ciclo de implementação do Projeto Desenvolvimento Escolar: criar raízes em Barrocas e Santaluz. Na frente de fortalecimento institucional, isso foi alcançado garantindo a publicação de portaria com a devida nomeação das pessoas participantes dos GTs, assim como o envolvimento de diferentes atores da secretaria e a formação de uma equipe de formadoras(es) locais. E, pedagogicamente falando, o enraizamento se deu a partir da escuta ativa e da construção coletiva e colaborativa, de forma que todas e todos se sentissem apropriadas(os) e responsabilizadas(os) pelas decisões e estratégias tomadas.
A equipe do Cenpec e da Equinox fez uma escuta minuciosa e delicada para poder entender qual era o nosso contexto, as nossas raízes, sempre respeitando o nosso espaço. A partir daí, nós demos os pontos iniciais que precisariam ser trabalhados, o que era importante para transformar a educação no município. Esse projeto abriu o nosso campo de visão em colaborar e ter estratégias para lidarmos com os cenários que ainda não são os desejados”, explicou Maria Gorete Ferreira, gestora escolar de Santaluz.
Segundo, a natureza nos ensina a ter paciência e entender que precisa de tempo para maturar frutos – tal como um projeto de educação também requer planejamento e visão a longo prazo.
Para a Equinox, investir em educação é investir no futuro. Acreditamos que o desenvolvimento de uma comunidade ocorre pelo fortalecimento de suas escolas. Quando setores diferentes trabalham juntos – comunidade, iniciativa privada, escola e poder público –, criamos pontes para transformar vidas, e esse projeto é uma prova disso”, explicou Carla Lemos de Souza, gerente de Responsabilidade Social do Brasil da Equinox Gold.
Não adianta ter uma árvore que dá frutos, mas eles não serem acessados por parte da população. Para mim, a ideia do projeto é que todo mundo tenha a oportunidade de pegar um fruto dessa árvore e se alimentar dele – ou seja, a equidade, o carro-chefe da educação”, complementou Petronílio Bispo, secretário de educação de Barrocas.
Com todo o cuidado que a árvore do projeto Desenvolvimento Escolar recebeu, da plantação de sua semente no ano passado até agora, algumas flores já começam a ficar visíveis. Como produtos dos 46 encontros formativos de 2025, que somaram 386 horas de atividades com mais de 150 participantes e 12 especialistas envolvidas(os), destaca-se a criação de um painel de indicadores com metas para monitoramento do impacto do projeto e os planos de formação continuada de docentes em Língua Portuguesa e Matemática para todos os segmentos, que devem ser implementados a partir do ano que vem.
“Depois de um primeiro momento de aproximação, vejo que já está consolidado o entendimento de que nós, do Cenpec, e a Equinox estamos aqui para somar, não para fazer pelas equipes. Elas se reconhecem como autoras desses produtos e, portanto, o projeto está territorializado. Há uma compreensão geral de que estamos construindo uma política pública de educação”, define Priscila Beltrame.
Sendo assim, o projeto Desenvolvimento Escolar “Equinox Gold” seguirá em curso em 2026, quando estão previstos o aprimoramento e o uso sistemático do Painel de Indicadores; a melhoria dos fluxos e dos processos internos das Secretarias e das escolas — incluindo a relação Secretaria–escola; e a implementação dos planos de formação continuada de docentes, com foco na gestão da aprendizagem e na equidade. E que venham os frutos!