Videodicas olímpicas: crônicas, o requinte da simplicidade

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Videodicas olímpicas: crônicas, o requinte da simplicidade

Uma das maiores escritoras da atualidade conta os segredos e o processo de escrita desse gênero textual em vídeo produzido pela Olimpíada de Língua Portuguesa

Por Stephanie Kim Abe

Se tem alguém que tem propriedade pra falar sobre crônica é Cidinha da Silva. 10 de suas 17 obras publicadas, de grande circulação, são desse gênero textual – e é por essa vasta e rica produção literária que a escritora mineira foi convidada pela Olimpíada de Língua Portuguesa a dar dicas sobre crônicas aos(às) participantes do concurso.

Cidinha da Silva: “Sou uma escritora que tem posição política sobre as  coisas e sobre o mundo”
Foto: reprodução

No vídeo de menos de sete minutos, Cidinha da Silva fala sobre como se descobriu cronista, na infância e adolescência, do seu processo de escrita e das especificidades do gênero. Para ela:

“A boa crônica é cheia de curvas, não é um texto linear, retilíneo. É cheia de curvas, armadilhas. E o requinte reside justamente na aparente simplicidade.”

Cidinha da Silva

Para Esdras Soares, da equipe do Programa Escrevendo o Futuro no Cenpec Educação, uma das características que mais chama atenção nos livros de Cidinha é a sua capacidade de abordar diversos temas.

Isso é muito interessante, porque nós costumamos dizer nos materiais da Olimpíada de Língua Portuguesa sobre crônica que qualquer assunto pode servir pra escrita desse gênero.”

Esdras Soares

A própria escritora fala sobre isso no vídeo e também traz a questão da autoria negra na literatura. Direitos humanos – atravessados pelas questões de gênero e raça -, africanidades, ancestralidades, tradições e contemporaneidades são alguns dos temas que aparecem muito frequentemente nas suas obras. 

Foto: acervo Cenpec

Eu vejo uma particularidade na produção de Cidinha que é a presença das questões raciais, o homicídio de jovens negros(as), o feminicídio, a lgbtfobia, a dor e o sofrimento que fazem parte da história de autora negra, e, por outro lado, também presentes o amor fraternal, o carinho, o afeto, as relações familiares e o cotidiano. Isso dialoga muito com a vivência dos(das)estudantes adolescentes de escolas públicas, que estão em momento de transição e com certeza são atravessados(as) por essas questões.”

Esdras Soares

Veja o vídeo completo abaixo:

Um segundo vídeo, mais curto, traz Cidinha da Silva lendo um trecho de seu livro O homem azul do deserto (2018), no qual ela reflete sobre a crônica: “a crônica é assim um jogo de inversões que atribui valor e sentido a aspectos desprezados, ignorados ou pouco perceptíveis do cotidiano.”

Veja abaixo:


Vídeos da Olimpíada de Língua Portuguesa

Essas produções audiovisuais fazem parte da série de cinco vídeos que tratam de diferentes gêneros e foram produzidos e lançados pela Olimpíada de Língua Portuguesa no começo deste mês. 

No concurso, iniciativa do Itaú Social com coordenação técnica do Cenpec, docentes participantes trabalham com cada ano ou série um tipo de gênero: 5º ano do Ensino Fundamental trabalha com poema; 6º e 7º anos com Memórias literárias; 8º e 9º anos com crônica; 1ª e 2ª séries do Ensino Médio com Documentário e, por fim, o Artigo de Opinião com a 3ª série. 

Em cada um dos vídeos, que têm até 13 minutos, um(a) convidado(a) especial traz as suas experiências pessoais, dicas e discussões sobre a produção de textos de cada um dos gêneros tratados. Os vídeos estão sendo divulgados semanalmente aqui no Portal Cenpec.

Confira abaixo:


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