Formação docente para uso das tecnologias digitais
O Guia Prático para Gestores Educacionais é uma parceria entre CENPEC Educação e CIEB para promover competências digitais de professores de todas as redes de ensino
O letramento digital hoje em dia é tão importante quanto saber ler e escrever a partir de tradicionais modelos e ferramentas físicas como lousas e livros. Realidade para todos nós, na escola tornou-se urgente trabalhar a relação ensino e aprendizagem da educação digital com seus pares.
Esta competência inclusive está na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, que prevê que jovens e crianças compreendam e utilizem a tecnologia de forma prática, reflexiva e ética. Mas para que as competências digitais possam chegar aos estudantes, há de se prever a formação de professores e ainda a de gestores educacionais para tal.
Pensando neste apoio aos gestores e profissionais que integram as redes de ensino municipais e estaduais, para que possam conceber planos de formação de professores para uso pedagógico das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação foi elaborado o Guia Prático para Gestores Educacionais.
O projeto é uma parceria entre o CENPEC Educação e o Centro de Inovação para a Educação Brasileira – CIEB, no âmbito da Chamada Pública “BNDES – Educação Conectada – Implementação e Uso de Tecnologias Digitais na Educação”.
A consultoria do projeto é da
professora Maria da Graça Moreira da Silva, da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. “O foco é fornecer subsídios teóricos e práticos para as redes de
ensino realizarem o diagnóstico de sua realidade e proporem soluções que
contribuam efetivamente com a melhoria da educação”, explica Graça.
O Guia foi construído por autores do CIEB e do CENPEC Educação para proporcionar reflexão sobre demandas educacionais e ao mesmo tempo pensar as soluções. O Guia é gratuito e está disponívelpara todos que quiserem propor formação continuada para professores de suas redes.
Transformação da prática tradicional
As
demandas e as soluções que gestores educacionais necessitem são articuladas diretamente
na formação continuada de professores, visando a transformação de sua prática.
Graça conta que a ideia é se afastar de metodologias mais tradicionais e se
aproximar “de práticas pedagógicas mais inovadoras, que priorizem a qualidade
social da educação”, diz.
A educadora complementa que este material elaborado pelo CENPEC Educação e pelo CIEB organiza as principais etapas que devem ser consideradas no planejamento de formação de professores. Algumas delas os gestores já são familiarizados. Outras, nem tanto. Como é o caso do diagnóstico do nível de apropriação de TICs pelos professores da rede, “que permite ao gestor compreender e segmentar melhor o público para as formações”, explica Graça.
Maria da Graça Moreira da Silva
A Etapa de diagnóstico é um ponto de destaque tratado no Guia, pois envolve conhecer melhor os professores, analisar criticamente as ações de formação já desenvolvidas e levantar os pontos a serem reformulados; analisar a estrutura física e tecnológica; identificar os profissionais que possam atuar como formadores e, partindo da realidade da rede de ensino, propor e construir planos de formação”, comenta Graça. O Guia traz a concepção, o detalhamento, a avaliação do plano e ainda orienta a elaboração de um levantamento de custos das respectivas redes.
Jornada de Formação
Segundo a coordenadora de
tecnologias digitais da Diretoria de Difusão e Mídia do CENPEC Educação,
Adriana Vieira, a aplicação do Guia aconteceu no primeiro semestre de 2019,
durante a Jornada de Formação, e foi disponibilizada para quatro territórios: Rio Grande do Sul,
Tocantins, Sergipe e Paraíba. Esse grupo reuniu 52 gestores educacionais que construíram 11 planos de formação para suas
redes de ensino. E os resultados foram favoráveis, veja o feedback de uma das redes participantes:
“… forneceu para minha equipe um caminho a ser seguido na elaboração do
plano de formação dos professores. Foi possível através do estudo em grupo do
guia aprender como planejar melhor nossas formações tecnológicas, reavaliando a
maneira como implementamos nossos cursos, oficinas e estratégias de engajamento
dos professores em projetos envolvendo o uso de tecnologias educacionais.”
Inovação na educação
Engana-se quem pensa que o uso
das tecnologias na educação se resume ao uso de ferramentas para “modernizar o
ensino”,“motivar os alunos” e mesmo “trazer aprendizagem para o mundo do
trabalho”. Para além do uso instrumental, destaca Adriana, “o mais importante é o princípio do uso das tecnologias para promover práticas inovadoras no
currículo, aquelas que de fato façam sentido para resolver desafios e problemas
daquela rede”, diz.
O Guia traz referencias do próprio CIEB de usos inovadores de tecnologia na educação, desde algo mais simples, para apoiar o professor na sala de aula a um uso mais complexo, como o ensino personalizado.
Adriana Vieira
A tecnologia vem para possibilitar que você consiga diagnosticar a aprendizagem dos alunos a partir, por exemplo, de um jogo. Ao conhecer o aluno, o professor pode propor situações de aprendizagem mais adequadas a seu repertório e suas características de aprendizagem”, comenta Adriana.
Ela cita ainda o ensino baseados em projetos, em que você tem o uso da tecnologia para resolver determinado problema na comunidade, como o Projeto Respostas para o Amanhã, que tem assessoria técnica do CENPEC Educação em parceria com a Samsung, e que é uma prática inovadora.
As TIC fazem parte do cotidiano e configuram as práticas sociais de nossa cultura, agora imersa no digital, e são consideradas como um direito do aluno, do professor e da escola, uma vez serem resultado de uma construção de toda a humanidade. O acesso e domínio das TIC são condições à participação na contemporaneidade, ao exercício pleno da cidadania, ao acesso e expressão ampla e transparente a informação e a meios para a sua produção”, conclui Maria da Graça.