Segundo a Oxfam, “esse grande fosso baseia-se em um sistema econômico sexista e falho, que valoriza mais a riqueza de um grupo de poucos privilegiados, na sua maioria homens, do que bilhões de horas dedicadas ao trabalho mais essencial – o do cuidado não remunerado e mal pago, prestado principalmente por mulheres e meninas em todo o mundo”. Assista ao vídeo.
As tarefas diárias de cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha são essenciais para o bem-estar de sociedades, comunidades e para o funcionamento da economia. A pesada e desigual responsabilidade por esse trabalho de cuidado perpetua as desigualdades de gênero e econômica.”
Oxfam International
Ricos e pobres, homens e mulheres
De fato, o novo relatório, lançado em alusão aoFórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, Suíça, até sexta-feira (24), dá especial atenção à desigualdade entre os gêneros. Segundo o documento, por exemplo, os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza que todas as mulheres que vivem na África.
Em todo o globo, mulheres e as meninas que estão na base da pirâmide econômica, principalmente as que vivem em situação de pobreza e pertencem a grupos marginalizados, chegam a dedicar, todos os dias, 12,5 bilhões de horas de trabalho gratuito em tarefas ligadas ao cuidado – razão do título do relatório.
Segundo cálculos da própria Oxfam, o trabalho de cuidar, invisível embora essencial, agrega pelo menos US$ 10,8 trilhões à economia. Os benefícios da cifra, no entanto, são revertidos, em sua maioria, para os mais ricos – que são, em grande parte, homens.
No aspecto mais geral, as desigualdades econômicas são tão
extensas que mesmo que uma pessoa tivesse economizado US$ 10 mil por dia desde
que as pirâmides foram construídas no Egito, teria apenas 1/5 da fortuna média
dos cinco bilionários mais ricos do mundo.
Ainda segundo o relatório, mesmo diante das evidências e do efeito corrosivo das desigualdades, a maior parte das lideranças mundiais não toma atitudes para reduzir o fosso. Em vez disso, adota políticas que ampliam a lacuna entre ricos e pobres. Nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro é citado nominalmente, tanto na versão em português quanto na versão em inglês, de forma crítica.
A liderança de homens fortes, como a do presidente Trump nos Estados Unidos e a do presidente Bolsonaro no Brasil, são exemplos dessa tendência. Eles propõem políticas que reduzem impostos para bilionários, dificultando o enfrentamento da emergência climática, ou acirrando vigorosamente o racismo, o sexismo e o ódio por minorias.”
Oxfam International
O Tempo de cuidarressalta, ainda, que os dividendos pagos a acionistas ricos de grandes empresas aumentaram drasticamente entre 2011 e 2017, enquanto os salários praticamente não subiram.
Fonte: “Tempo de cuidar”, Oxfam Brasil, p. 8
Recomendações
Um dado interessante, trazido pelo documento, é que uma tributação adicional de 0,5% sobre a riqueza dos 1% mais ricos do mundo nos próximos 10 anos equivaleria ao investimento necessário para criar 117 milhões de empregos em educação, saúde e assistência a idosos, entre outros setores, e eliminaria deficit de atendimentos.
Por fim, o relatório apresenta seis recomendações para diminuir as desigualdades econômicas, especialmente as que afetam as pessoas que trabalham nas atividades de cuidado:
Investir em sistemas nacionais de prestação de cuidados para solucionar a questão da responsabilidade desproporcional pelo trabalho de cuidado realizado por mulheres e meninas;
Acabar com a riqueza extrema para erradicar a pobreza extrema;
Legislar para proteger os direitos de todas cuidadoras e cuidadores e garantir salários dignos;
Garantir que cuidadoras e cuidadores tenham influência em processos decisórios;
Desafiar normas prejudiciais e crenças sexistas;
Valorizar o cuidado em políticas e práticas empresariais.
LAWSON, Max; BUTT, Anam Parvez; HARVEY, Rowan; SAROSI, Diana; COFFEY, Clare; PIAGET, Kim; THEKKUDAH, Julie. Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade. Oxford, Reino Unido: Oxfam International, 2020.
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