Pro juruá tudo o que é mais importante tem que estar no papel. Pra gente tudo o que é importante tem que estar na fala que vem do nosso coração, do nosso espírito.”
Jera Guarani
As frases acima referem-se a uma distinção fundamental entre as culturas indígenas e não indígenas (“juruá”, na língua guarani mbyá). Enquanto as línguas ocidentais, modernas são pautadas na escrita, as línguas ameríndias se mantêm vivas por meio da fala, da oralidade.
Com essa característica, muitas línguas indígenas, ao longo da colonização, foram extintas e ainda correm o risco de desaparecer. Estima-se que, antes da chegada dos portugueses, havia aproximadamente 1,1 mil línguas nas terras que constituiriam nosso país. Hoje, segundo o Instituto Socioambiental (ISA), temos apenas cerca de 160 línguas e dialetos indígenas.
“Essa língua materna só fica fortalecida por conta da comunidade, por conta de existir aldeias indígenas, porque as pessoas estão se fortalecendo junto, falando junto, cantando junto”, afirma Jera. Liderança da aldeia Kalipety, na terra indígena Tenondé Porã, localizada em Parelheiros, extremo sul da capital paulista, Jera Guarani é uma das entrevistadas pelo Repórter Eco, programa da TV Cultura de janeiro deste ano.
A reportagem, abaixo, apresenta um panorama das línguas indígenas em nosso país, em razão de 2019 ter sido declarado o Ano Internacional das Línguas Indígenas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Vídeo Repórter Eco/TV Cultura.
Segundo o site da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o objetivo de dedicar o ano a este tema foi contribuir para a conscientização da urgência em se “preservar, revitalizar e promover as línguas indígenas no mundo”.
Atualmente, existem por volta de 6 a 7 mil línguas no mundo. Cerca de 97% da população mundial fala somente 4% dessas línguas, e somente 3% das pessoas do mundo falam 96% de todas as línguas existentes. A grande maioria dessas línguas, faladas sobretudo por povos indígenas, continuarão a desaparecer em um ritmo alarmante. Sem a medida adequada para tratar dessa questão, mais línguas irão se perder, e a história, as tradições e a memória associadas a elas provocarão uma considerável redução da rica tapeçaria de diversidade linguística em todo o mundo.”
O site oficial do Ano Internacional das Línguas Indígenas (International Year of Indigenous Languages – IYIL2019, em inglês) reuniu informações sobre os planos para celebrar o tema, assim como medidas a serem tomadas pelas Nações Unidas, governos, organizações dos povos indígenas, sociedade civil, universidades, entre outras entidades.
A seguir, destacamos algumas das publicações realizadas pelo Portal CENPEC Educação em torno dessa temática. Confira!
Escola indígena Mintngwe Nimboea, Ubatuba (SP). Foto: arquivo pessoal
Quantos idiomas indígenas são falados no Brasil? Como são as escolas indígenas? Como trabalham a alfabetização e o letramento desses povos? Você sabia que existe uma língua de sinais indígena? Que palavras da língua portuguesa falada no Brasil se revelam como heranças indígenas?
Acesse a reportagem especial produzida em 2016 pela Plataforma do Letramento (CENPEC)
Entrevista com o professor e pesquisador Devair Fiorotti (Letras/UFRR), que apresenta projeto envolvendo as artes verbais dos povos originários de Roraima: “Aqui estamos cercados por indígenas, convivemos com eles no dia a dia. Foi quando me perguntei por que não estudar as histórias desses povos”.
Índio ou indígena: qual a diferença? Quantos povos indígenas existem hoje no Brasil? Quais seus direitos, suas lutas por representatividade? Como trabalhar esse tema em espaços educativos?
Quais são os diálogos e desencontros entre a escola e a cultura tradicional dos povos originários? Como a visão dos indígenas pode contribuir para a construção de uma educação plural? Acompanhe os debates desenvolvidos no II Seminário de Etnologia Guarani da Universidade de São Paulo (USP).
“É uma experiência ímpar, assim como a cada ida às aldeias perto de casa são vivências únicas, sempre de muito aprendizado, da língua, da cultura, da complexidade do modo diferente de vida do outro”, relata o professor e pesquisador Fabio Cardias (UFMA) sobre participação em Congresso Internacional dos Povos Indígenas, realizada no mês de julho, em Brasília (DF).
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