Autora da oficina: Paola Prandini, educomunicadora e jornalista. Conteúdo publicado originalmente na Plataforma do Letramento
O que é?
Oficina de produção de telejornais por crianças e jovens em ambiente educativos
Material
Computadores com acesso à internet para pesquisa e redação de roteiros dos telejornais.
Câmeras fotográficas ou celulares com recurso de filmagem, ou filmadoras de qualquer tipo (com cabos para descarregar os conteúdos produzidos).
Gravadores digitais de qualquer modelo (com cabos para descarregar os conteúdos produzidos).
Computadores com programas de edição de vídeo (como Windows Movie Maker ou Windows Live).
Finalidade
Apresentar o telejornalismo como um recurso midiático que pode ser usado em ambientes educativos, com foco no exercício da coletividade e da cidadania.
Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa e do protagonismo infantojuvenil, colaborando no exercício de autoria das crianças e dos jovens.
Contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escritora e da expressão/comunicação oral dos participantes.
Pesquisar e elaborar roteiros para telejornais.
Abordar questões técnicas básicas relativas à produção, à captação de imagens e de áudio e à edição de telejornais amadores.
Reconhecer diferenças e particularidades das linguagens televisiva e jornalística na chamada “grande mídia” e fora dela.
Expectativa
Propiciar a reflexão crítica sobre o poder das mídias na sociedade e sobre a necessidade de todas as pessoas terem voz legitimada nos diversos espaços sociais. Promover o desenvolvimento da competência leitora, escritora e da expressão/comunicação oral entre as crianças e os jovens, colaborando no exercício de autoria destes. Favorecer a construção coletiva de um ambiente educativo democrático e cidadão.
Público
Crianças, adolescentes e jovens, a partir de 5 anos.
Espaço
Sala de aula, de leitura ou de computação
Duração
4 a 5 encontros de 45 a 50 min
Início de conversa
Quando um educador problematiza o ambiente educativo em que está inserido − seja uma escola de educação formal, seja um espaço de práticas educativas não formais −, geralmente se depara com os desafios de uma educação que precisa ser organizada de maneira coletiva, democrática e, por que não, que se aproprie das mídias.
Para muitos educadores o desafio é não reproduzir o que já está posto pelas mídias comerciais, mas criticar, reformular, transformar e (des)caracterizar esses meios a fim de deixá-los com a cara de quem produz a informação.
Esta proposta tem como foco a produção de telejornais, criados em ambientes educativos, com base nas ideias e experimentações de crianças e jovens, apoiados pelo educador. O grande “xis” da questão é construir um veículo de comunicação embasado nos princípios do telejornalismo, mas que respeite e dialogue com o coração dos projetos educomunicativos: as crianças e os jovens que estão na frente e por trás da câmera.
Luz, câmera: crianças e jovens em ação
A produção audiovisual em ambientes educativos pode colaborar no exercício de autoria das crianças e dos jovens que se engajam na criação de um telejornal, por exemplo. Afinal, eles serão os protagonistas de um projeto com foco educomunicativo. As ideias e o formato do programa telejornalístico deverão respeitar o que a galera tem a dizer.
É importante ter em mente que esse tipo de produção não visa competir com os veículos de comunicação comerciais. O foco está na realização de produções com tecnologias acessíveis, de forma colaborativa, a fim de que os participantes aprendam a técnica, mas também apreendam valores e conhecimentos para exercitar a linguagem do telejornalismo em diferentes situações. Trata-se também de um exercício de cidadania.
Na prática
Sugestão de encaminhamento
Foto: acervo CENPEC
Para aquecer a turma Em qualquer produção que faça uso de mídias com propósito educativo, é essencial iniciar o processo com uma roda de conversa para identificar os repertórios trazidos pelos participantes e os interesses do grupo em relação ao processo. A dica é começar com perguntas-chave, como:
Quais são as emissoras de televisão que você conhece?
Quais são os telejornais a que assiste ou já viu alguém assistindo?
Já visitou alguma página de telejornal na internet? Se sim, o que havia nela?
Como seria criar um telejornal com a nossa cara, que trate da nossa realidade e com nosso jeito de dialogar com o mundo?
Conhecendo a mídia Após a discussão, é interessante ressaltar que os telejornais são produções pré-formatadas e seriadas, feitas para um grande público que assiste aos mesmos programas em horários previsíveis.
No entanto, é sempre bom lembrar a turma que o foco da produção telejornalística na escola/comunidade não é, necessariamente, repetir o padrão comercial, mas transformá-lo, adaptá-lo para a realidade em que vivem. Dessa forma, é importante conhecer o modelo comercial para refletir sobre como podemos alterá-lo, a fim de deixá-lo com a nossa “cara”.
Outra característica dos telejornais é a presença de um ou mais âncoras/apresentadores, que são o “coração” desse tipo de programa. A figura à frente das câmeras deve imputar credibilidade e seriedade aos fatos narrados, garantindo a atenção e a confiança do telespectador.
Heron Domingues apresentando o telejornal Repórter Esso em 1962. Fonte: Portal Imprensa
Nos primórdios da televisão, os apresentadores – geralmente homens − ostentavam uma postura comedida e neutra, com o intuito de transmitir a impressão de uma cobertura isenta e objetiva.
Eles deveriam ler o texto jornalístico empregando a linguagem formal, de acordo com a norma-padrão, e de forma pausada e clara, articulando bem as palavras. Havia a exigência de que os apresentadores não usassem regionalismos nem sotaque característico de determinada localidade, utilizando uma linguagem “neutra”, padronizada para todo o país.
Hoje tornou-se mais comum o padrão de apresentador teatral e exagerado, que se expressa numa linguagem mais popular e busca impressionar e comover os espectadores. No entanto, até hoje, há um esforço da equipe de redação dos telejornais em redigir cuidadosamente um discurso adequado à norma padrão que possa ser reconhecido como familiar pela maior parte da população.
Além das características comuns a todos os veículos de imprensa – como a busca da novidade, da credibilidade e da exclusividade –, o discurso televisivo do jornalismo aposta numa multiplicidade de recursos para captar a audiência e mantê-la fiel. Um dos recursos é a narratividade, ou seja, a capacidade de transformar uma notícia em uma história. Para isso, muitas vezes, há um excessivo uso da teatralidade, reforçada pela edição e pela trilha sonora, bem como da emotividade, que busca aguçar a sensibilidade dos espectadores.
Além desse recurso, predomina a verossimilhança, como se a notícia estivesse sendo transmitida naquele momento, em tempo real. Não é à toa que os telejornais ocupam diversos horários das grades de programação das emissoras de televisão brasileiras, afinal sua importância sempre foi legitimada pelo público.
Mão na massa! Para começar a produção de um telejornal com um grupo de crianças ou jovens de um mesmo espaço educativo, podem-se seguir as etapas abaixo:
1. Discutir com o grupo quais serão os quadros do telejornal, buscando definir a linha editorial.
Quadros ou editorias: programas voltados a determinados temas, como: ciência e tecnologia, educação, cultura etc. O telejornalismo pode ser temático ou trazer diferentes assuntos na programação.
2. Definir qual será a periodicidade do programa (diária, semanal, mensal etc.) e ainda qual será o modo de veiculação da produção (on-line, podendo ser disponibilizada em um canal do YouTube, ou ao vivo, sendo apresentada à comunidade educativa em tempo real).
3. Distribuir as funções entre os componentes da equipe e as tarefas a serem cumpridas por cada integrante, sendo elas:
Coordenador(a) de equipe ou produtor(a) – confere a pauta prévia, esclarece a cada um o seu respectivo papel, controla os horários e o cumprimento de metas, bem como garante que tudo esteja em ordem para o bom andamento do programa.
Operador(es) de câmera – responsabiliza(m)-se pelas câmeras/celulares e sua operação, define(m) os ângulos, a iluminação e os ambientes adequados nas tomadas de cena, orienta(m) os entrevistadores e os entrevistados quanto à postura e ao posicionamento.
Auxiliar(es) – apoia(m) o(s) operador(es), carregando os acessórios e isolando o espaço em volta da gravação, verifica(m) e anota(m) os detalhes importantes.
Editor(es) de vídeo – faz(em) a organização do material bruto filmado, organiza(m) a sequência das imagens, inserindo créditos e legendas.
Repórter(es) – apresenta(m) e faz(em) perguntas aos entrevistados, responsabiliza(m)-se pelos microfones, grava(m) os offs (locução das reportagens).
Âncora(s) – apresenta(m) o telejornal, podendo estar em uma bancada – seguindo o modelo tradicional – ou ainda em pé, ou em outro formato mais criativo.
4. Criar um breve roteiro do que será apresentado no telejornal. Há modelos de roteiros telejornalísticos disponíveis na internet, mas a equipe pode criar um próprio, que deve conter definições de câmera – sobre enquadramentos (como plano geral ou gravação de um ou outro âncora, por exemplo) –, texto de locução do(s) apresentador(es), entradas de reportagens externas e momentos para colocação de vinhetas de abertura, de passagem de um quadro a outro e de encerramento.
Vinheta: “carimbo sonoro” que toca no início ou no fim do programa ou entre um quadro e outro. Ouça e veja vinhetas de telejornais do mundo no vídeo a seguir.
5. Conferir e testar todo o equipamento antes da saída para o evento. Para isso, elabora-se um checklist, verificando se há câmeras/celulares disponíveis; baterias e pilhas carregadas e outras de reserva; cartões de memória, cabos e carregadores; tripé ou monopé, quando possível; bolsas para transporte de material, devidamente identificadas, no caso de saídas a campo.
6. Tomar cuidado com os ruídos no ambiente: quanto mais silencioso for o ambiente melhor, pois os microfones das câmeras/celulares, geralmente, apresentam baixa qualidade de captação. É sempre interessante providenciar um backup de áudio em paralelo – com o uso do gravador digital – para, se necessário, ser usado na edição.
7. Escolher um fundo que contraste com o que está sendo gravado.
8. Buscar um apoio fixo para a câmera/celular, sempre que possível.
9. Escolher a melhor forma de deixar o seu objeto de filmagem centralizado na tela e evitar contraluz, pois dificilmente gera bom efeito em coberturas jornalísticas.
10. Dar um espaço no início e no final da gravação, para não haver cortes de materiais importantes.
11. Gravar já valendo, ou seja, sem contar com a edição posterior.
12. Baixar o material gravado, bruto, em um computador, com Windows Movie Maker, por exemplo, instalado para editar o programa, a fim de que fique com a sequência determinada na reunião de pauta do grupo.
13. Disponibilizar o programa em um site de compartilhamento de vídeos, como o YouTube ou o Vimeo. Acesse aqui um tutorial completo sobre como fazer upload de vídeo no YouTube.
Para avaliar: A avaliação das práticas apresentadas deve ser contínua, aplicada ao longo de todas as etapas do processo, a fim de se construir ambientes dialógicos, que valorizem a igualdade de oportunidades e opiniões de todos os envolvidos.
A dica é desenvolver indicadores para avaliações periódicas, como: formulários (impressos ou on-line, como os disponíveis no Google) para condução de pesquisas e enquetes; rodas de conversa com todos os integrantes das atividades; dinâmicas de avaliação que incentivem os participantes a discutir o que já foi feito e o que está previsto, conforme as ações planejadas.
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