Autora da oficina: Sony Ferseck, poeta e professora de Letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Conteúdo publicado originalmente na Plataforma do Letramento
O que é?
Jogos com palavras e ideias inspirados em poemas de Manoel de Barros
Material
1 dado médio feito de EVA grosso. Em cada face deverá constar os prefixos des-, in-, re-; e os sufixos -mente, -dade, -ante.
1 dado médio feito de EVA grosso. Em cada face deverá constar verbos e substantivos, como: brincar, saber, viver, criança, flor, pássaro.
1 dado médio feito de EVA grosso. Em cada face deverá constar pronomes oblíquos me, te, nos e desinências verbais: -ava, -am, -ou.
Poemas de Manoel de Barros (veja sugestões ao longo e ao final desta atividade).
Cartolinas.
Cola branca.
Folhas de papel sulfite.
Lápis.
Tesouras.
Moldes de dados impressos em folhas de papel sulfite.
Apresentar os poemas de Manoel de Barros e seu estilo de compor poesia.
Apresentar as diferenças entre a linguagem literária e a não literária.
Trabalhar as diferenças entre as classes de palavras.
Explorar de forma lúdica os sentidos conotativos das palavras.
Explorar os processos de formação das palavras, em especial sufixação e prefixação.
Incentivar a produção poética dos alunos.
Expectativa
Desenvolver o gosto tanto pela leitura como pela criação de textos poéticos. Explorar e ampliar o repertório literário (inclusive a cultura oral) dos participantes.
Público
Crianças e adolescentes
Espaço
Sala de aula, de leitura, biblioteca ou outro espaço educativo/cultural
Duração
1 a 2 encontros de 45 a 50 min
Início de conversa
Sugestão de encaminhamento
Manoel de Barros. Foto: Reprodução
“Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.” (Manoel de Barros)
Leitura poética e roda de conversa
A brincadeira é dividida em três etapas. No primeiro momento, distribua entre os alunos poemas e trechos de poemas de Manoel de Barros. Sugerimos iniciar com o poema “Arte de infantilizar formigas” (in: Livro sobre nada). Clique aqui para ler o poema.
Após a leitura, pergunte aos alunos o que acharam do texto: interessante, curioso ou estranho? Abra espaço para todas as percepções e ideias que surgirem.
Em seguida, fale um pouco sobre este autor e seu estilo de escrita poética, em que a invenção e a brincadeira são elementos centrais.
… Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios.”
Depois, peça aos alunos que leiam em voz alta os poemas que receberam. Esse pedido geralmente causa risos e perguntas. É um ótimo momento para discutir a presença de palavras ou mesmo versos inteiros nunca antes ouvidos, lidos ou pensados. É também propício para discutir as propriedades da linguagem literária e a diferença da linguagem utilizada no cotidiano.
Abra espaço para que eles questionem termos e expressões que acharem estranhos ou curiosos. É interessante escrever no quadro palavras e versos destacados pelos alunos e introduzir a proposta de palavra-brinquedo. Você pode incentivá-los com perguntas: O que seria “desutilidade poética”? E “dessaber”? Qual é o lugar citado no poema? O que há nesse lugar? E o que tem no fundo do quintal de vocês? Já pensaram em fabricar “brinquedos com palavras”? Como seria?
Invencionática poética
A poesia de Manoel de Barros é repleta de invencionices: palavras, expressões, imagens inéditas, cheias de humor e lirismo. Como ele mesmo dizia: “Noventa por cento do que eu escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira”.
Para iniciar a brincadeira com palavras, apresente o primeiro dado, contendo prefixos e sufixos. Explique que vários poemas de Manoel de Barros apresentam palavras formadas pelo acréscimo dessas partículas a outras palavras. Um bom exemplo é o poema “O fazedor de amanhecer”, que no próprio título contém uma palavra inventada pelo acréscimo do sufixo -dor: “fazedor”. Além dessa, há “tratagens” e “usamentos” (sufixação), “desapetite” (prefixação).
Apresente o segundo dado, formado por verbos e substantivos. Convide então os alunos para jogar os dois dados. Ajude-os a observar que palavras podem ser formadas pela junção dos resultados no jogo, por exemplo: re + criança + mento = recriançamento; in + viver = inviver; flor + ante = florante.
Discuta com a turma se as palavras resultantes são compreensíveis e se são diferentes das palavras e dos sentidos usualmente atribuídos a elas. Discuta também quais sentidos as partículas acrescentam às palavras. Incentive os estudantes a citar outras partículas que modificam palavras. Anote os termos resultantes que os alunos considerem mais expressivos e interessantes.
Passe então ao terceiro dado, contendo pronomes oblíquos e desinências verbais. Oriente-os a combinar os resultados e formar palavras e frases. Eles podem usar como base as palavras resultantes do primeiro jogo. Por exemplo: nos + brincar + ava =nos brincava; me + inviver + eu = me inviveu.
Anote essas palavras ou frases e converse com a turma sobre os resultados e as diferenças entre as formações, discutindo quais eles consideram mais instigantes. Finalmente, peça aos alunos que produzam pequenos versos com as palavras anotadas.
Com as palavras inventadas recriança, inviveu, florante e nos brincava, por exemplo, poderiam compor versos como: “O recriançamento me inviveu Florante nos brincava o pássaro”.
Em seguida, organize a turma em grupos de três a quatro integrantes e distribua os moldes de dados impressos, cartolinas, tesouras, colas e canetinhas. Então, oriente-os a confeccionar dados parecidos com os que eles já jogaram, porém substituindo algumas das partículas ou palavras dos dados. O grupo terá de debater as possibilidades de combinações antes de escrever definitivamente quais partículas e palavras constarão nos dados.
Depois de prontos, os grupos trocam de dados e começam a jogá-los, anotando os resultados das combinações e formando pequenos versos. Peça que leiam os versos produzidos. Ao final da atividade, os poemas poderão ser expostos em um varal. Caso a turma ou a escola tenha um blog ou uma página em rede social, vocês podem publicar e compartilhar as produções nesses canais.
Dados e dedos − outros brinquedos-palavras
Além dos dados, outros brinquedos podem ser confeccionados, como um pião feito de material reciclado, como CDs velhos e tampas de garrafa PET, um girocopo de copinhos plásticos de café ou outros brinquedos que possibilitem o elemento sorte na brincadeira.
Se o trabalho for realizado numa turma com poucos alunos, a dinâmica dos dados pode ser substituída pelo cilindro da poesia: ele é semelhante ao rolo silábico, mostrado neste vídeo, com a diferença de que, além dos rolos de papel higiênico, serão utilizados rolos de papel alumínio ou de papel toalha como base para girar os pedaços de papel e formar as palavras e os versos.
A regra da brincadeira é a mesma dos dados (um terço dos rolos com prefixos e sufixos; um terço com verbos e substantivos; um terço com pronomes e terminações de conjugações verbais).
Para adolescentes, a proposta pode ser adaptada na forma de dominó poético. Jogado em duplas ou em grupos maiores, as peças do dominó contarão com os mesmos elementos do jogo de dados. O número de peças é variável, entre 14 e 28. As regras de funcionamento podem seguir as do jogo de dominó clássico, ou seja, a partida termina quando um dos jogadores ficar sem nenhuma peça em mãos. Ao final, os alunos deverão criar um poema com as palavras e orações formadas.
Avaliação
Esse é um momento muito importante do trabalho. Abra uma roda de conversa dando a oportunidade para que todos se manifestem, apontando aprendizagens, dúvidas e dificuldades. Valorize as conquistas e minimize as dificuldades, diga a eles que ainda têm muito tempo para superá-las.
Para ampliar
Na rede: poemas de Manoel de Barros
Revista Bula: os 10 melhores poemas de Manoel de Barros
A magia da poesia: leia poemas do autor e trechos das obras Memórias inventadas e Tratado geral das grandezas do ínfimo
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