Autoria: Projeto Sociocultural da EM Maria Conceição Ataíde. Oficina publicada originalmente na Plataforma Educação&Participação
O que é?
Relato do projeto Marujada, desenvolvido na Escola Municipal Maria da Conceição Ataíde, em Cocais do Alto, zona rural de Coronel Fabriciano (MG)
Material
Vídeos e fotos de apresentações da marujada.
Livros, mapas e textos sobre a história da expansão ultramarina dos europeus no século XVI.
Celulares para fotografar e gravar entrevistas.
Cadernos de anotações.
Tambores e outros instrumentos de percussão (caso a escola ou instituição não disponha de instrumentos, podem ser confeccionados com latas, garrafas de água e outros objetos reutilizáveis).
Tecidos, fitas coloridas e outros materiais para compor figurinos.
Finalidade
Conhecer e valorizar manifestações da cultura local e tecer relações com conteúdos do currículo escolar.
Expectativa
Contextualizar as manifestações artísticas como produtos culturais de um lugar, de um povo e de uma época; conhecer e valorizar a diversidade cultural e linguística; compreender a simbologia presente nas danças, músicas e adereços típicos dessas manifestações; aprender a realizar uma entrevista e entender a história oral como metodologia de pesquisa sobre os eventos coletivos contemporâneos.
Público
Estudantes do Ensino Fundamental II e Médio
Espaço
Sala de aula, leitura, computação, música e espaço aberto
Duração
Cerca de 2 meses
Início de conversa
Breve apresentação da Marujada
Esta oficina se baseia no relato de experiências adquiridas no projeto Marujada. Este projeto foi desenvolvido na Escola Municipal Maria da Conceição Ataíde, em Cocais do Alto, zona rural de Coronel Fabriciano (MG). Trata-se de uma inspiração para educadores e escolas que desejam inserir a cultura popular local ao seu currículo. Assim, é importante conhecer e incorporar as manifestações presentes nos territórios e nas comunidades no entorno da escola. Lembramos que o objetivo é valorizar o repertório dos estudantes e promover o diálogo entre os saberes oriundos das culturas locais e os conhecimentos escolares.
A marujada, também conhecida como fandango, é uma dança típica das regiões Nordeste e Norte do Brasil, mas também é encontrada em outras regiões do país, assumindo, em cada qual uma feição própria da cultura local.
Constitui importante manifestação cultural, de caráter popular, do folclore brasileiro. Participam deste folguedo homens (geralmente com os instrumentos musicais), mulheres (geralmente nas danças e encenações) e também crianças (nas encenações). A coreografia é composta por movimentos que imitam o balanço das ondas do mar.
Marujada em Belém (PA). Foto: Cristino Martins/Agência Pará
A marujada surgiu em Portugal, como comemoração às conquistas das terras encontradas por meio das navegações ultramarinas dos séculos XVI e XVII. Retrata a vida difícil dos marujos as longas travessias oceânicas daquela época.
Em terras brasileiras, sofreu algumas modificações e adaptações culturais, ficando desta forma um pouco diferente do fandango de Portugal. Pelo mesmo motivo não são idênticas as marujadas das diferentes regiões brasileiras. Assim, no Norte e Nordeste, a festa é realizada em homenagem a São Benedito, tendo se originado, no século XVIII, de um pedido dos escravizados aos seus senhores para formar uma irmandade em louvor ao santo.
Festa de Nossa Senhora do Rosário, Alvorada de Minas (MG)
Em Minas Gerais e em São Paulo, a marujada assumiu fortes laços com outra manifestação cultural, de cunho religioso: a Festa do Rosário, que acontece na época das festas juninas. Estes festejos também remontam ao século XVIII, com a formação das irmandades religiosas dos negros e das negras que, na região, tinham em Nossa Senhora do Rosário a sua santa padroeira.
Na prática
Relato da experiência
O projeto Marujada integra o projeto Patrimônio Cultural da Cidade, endossado no projeto político-pedagógico da Escola Municipal Maria da Conceição Ataíde. É um projeto desenvolvido com os estudantes do 9º ano e envolve a disciplina de história e a oficina de percussão do programa de Educação Integral. A escolha dos projetos que abordam a preservação do patrimônio histórico é feita no início do ano e os planejamentos semanais dos professores garantem a articulação das atividades propostas.
A marujada é uma manifestação cultural muito antiga na comunidade, mas pouco conhecida em sua história e significado. Tem uma origem religiosa, herdada dos portugueses, mas, com o tempo, passou a constituir uma manifestação cultural popular, integrando-se às culturais locais de alguns lugares do país como Minas e Bahia.
O projeto teve a duração de aproximadamente dois meses. Nesse período, os alunos entrevistaram os mais velhos do bairro, pesquisaram sobre a origem da Marujada e preparam uma entrevista para ser realizada com o Mestre do Grupo local, que não pode comparecer no dia marcado, sendo substituído por dona Perpétua. Nesse processo, um dos alunos da turma ajudou bastante por pertencer, ele mesmo, ao grupo da comunidade.
Aula de história e pesquisa de história oral
Acompanhe uma aula de História, com o professor Ney Vitor, da EM Maria da Conceição Ataíde, na qual ele retoma os conceitos de patrimônio cultural material e imaterial, com os alunos, os quais entrevistam a senhora Perpétua, moradora da comunidade e participante da Marujada local, desde os 4 anos de idade.
A tradição viva no corpo: oficina de percussão
Veja, a seguir, a oficina de percussão, na qual o prof. Natanael trabalha com as músicas do repertório dessa manifestação artística popular.
Ao término da oficina de percussão, todos saem em cortejo pela comunidade, aos sons dos tambores tocados pelos próprios alunos, vestidos conforme o ritual.
Hora de avaliar
Ao término do cortejo pelo bairro, que terminou em frente à igreja local, os professores reuniram os alunos para fazer uma avaliação do projeto, identificando as aprendizagens realizadas, as impressões causadas e se acharam que valeu a pena.
O que dizem os professores sobre o projeto? “A gente sempre faz um trabalho com a escola. Na minha parte, da percussão, sempre começo com a história, para o aluno entender de onde vem e o porquê daquilo que a gente vai passar”, afirma o professor de música Natanael Mariano.
“Como professor de história, busco despertar a consciência crítica e o resgate das tradições. O objetivo é a formação humana, a sociabilidade, o aspecto comunitário por meio do resgate da tradição”, diz Ney Vitor Araújo Aguero.
E a gestora da escola? “O que aproxima o aluno da escola é conhecer a realidade, a cultura desse aluno”, afirma Ludovina Drummond Lage Arruda.
Referência
Projeto Sociocultural da EM Maria Conceição Ataíde. Contato com a escola: (31) 9128 32.04
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