Contando e recontando histórias

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Contando e recontando histórias

Esta é a sétima de uma série de 12 oficinas baseadas nos Encontros de Estudos em Arte-educação e Experiências Híbridas na Formação de Educadores da Infância. Publicada originalmente no site Território de Formação em Arte (Impaes — Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social)
O que é?

Práticas de “corpo e consciência” e de contação de histórias.

Materiais

Computador, tablet/notebook ou celular com acesso à internet; vídeos de narração de histórias (livros físicos ou PDF de contos de fadas ou relatos de tradição oral); tapetinhos; folhas de sulfite, lápis de cor.

Finalidade

Expressão da criação artística, compartilhamento de experiências.

Expectativa

Promover a escuta, a narração e o reconto de narrativas.

Público

Crianças da educação infantil

Espaço

Sala de aula, sala de atividades, espaço aberto ou ambiente remoto

Duração

1 encontro de 1h30


Início de conversa

Na contação de histórias é importante estabelecer os critérios de escolha das histórias selecionadas. Entre os diversos tipos de histórias para crianças, podem-se escolher histórias de tradição oral, histórias de autor e histórias recolhidas por pesquisadores como os irmãos Grimm, na Europa, Câmara Cascudo, no Brasil, Idries Shad, no Oriente, família Kouyaté, na África etc.


Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
habilidades EI03EO06; EI02EF06 e EI03EF06.

Em outubro, Fábricas de Cultura recebem o griot Toumani Kouyaté, da África
Foto: reprodução

Segundo Toumany Kouyatê (foto ao lado), compositor e cantor senegalês que transmite sua cultura pela tradição oral) para escolher a história a ser contada, deve-se responder a 3 perguntas:

  1. É verdade o que você vai dizer?
  2. Você tem um bom motivo para contar o que quer contar?
  3. Este é o melhor momento para dizer o que quer dizer agora?

Essas perguntas evidenciam o papel educativo das histórias e revela que, nas culturas tradicionais da oralidade, o contador de histórias é, na verdade, o educador, o guardião dos saberes


Na prática

Inicie a oficina com um mapeamento das características do grupo. Peça a cada criança que expresse seu estado ao chegar à aula ou ao encontro em uma palavra. Pergunte:

Como você está chegando ao encontro/à aula hoje?

Escolha um lugar seguro para as crianças ficarem descalças ou disponibilize tapetinhos. Oriente-as a formar um círculo. Com elas, alongue braços e pernas suavemente. Finalize com respirações e inspirações suaves.

Pergunte:

Como você está se sentindo agora?

Deixe que as crianças se expressem livremente.

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Ambiente remoto
Peça às crianças que façam a atividade corporal sobre um tapetinho em casa. Explique previamente os movimentos que serão feitos. À medida que você orientar o alongamento, aguarde alguns minutos para que cada criança faça o movimento. Ao final, faça respirações e inspirações suaves.

Escolha um conto de fadas ou uma história de tradição oral. Uma sugestão é o conto “João Sortudo” (7 min), narrado no vídeo (veja a seguir). Você pode usar o vídeo como base e explorar as palavras e as imagens apresentadas. 

#FiqueemCasaJundiaí | Quarentena de Histórias – João Sortudo

Apresente o vídeo para as crianças. Observe a síntese da história, sem detalhes exagerados. A narração precisa respeitar a imaginação do ouvinte

Ambiente remoto
Compartilhe o vídeo com as crianças. Faça pausas, se necessário, e pergunte se estão acompanhando. 

Pergunte às crianças se entenderam a história e incentive-as a recontar com suas próprias palavras. Observe como as paisagens e imagens da história ressoam em cada criança. 

Apresente o vídeo mais uma vez. Peça às crianças para desenhar os animais que são apresentados ao longo da história. Depois de desenharem, pergunte a elas se conhecem alguma história em que um dos animais é personagem. Elas podem responder “Os três porquinhos”. 

Ambiente remoto
Compartilhe o vídeo mais uma vez. Peça às crianças para desenhar os animais que são apresentados ao longo da história. Depois de desenharem, pergunte a elas se conhecem alguma história em que um dos animais é personagem. Elas podem responder “Os três porquinhos”. 

Convide as crianças a contar a história de “Os três porquinhos” para a turma.

Ambiente remoto
Oriente as crianças a ouvir o colega enquanto está narrando a história. Desse modo, todos poderão participar.

Para inspirar

O vídeo Griot Toumani Kouyaté canta uma história no Arte do Artista (6 min) pode inspirar boas práticas da narração de histórias, sobretudo de tradição oral.

Griot Toumani Kouyaté canta uma história no Arte do Artista

Dicas de narração

  • Leia a história diversas vezes até ter intimidade com ela, confiar na força que ela tem.
  • Separe a história em 8 frases, depois em 4 frases até chegar a uma frase, a síntese da história. 
  • Encontre o clímax da narrativa para que dele se escolha o tom do encadeamento de cada palavra. 
  • A intimidade que se tem com a história a ser contada define os tons de voz e os movimentos corporais a serem usados. Aumente ou diminua o tom de voz; fale rápido, devagar, bem baixinho. Essas variações ao longo da narrativa prendem a atenção da criança. 
  • As crianças podem ouvir histórias de diversos temas. Não é necessário modificar o final, retirar momentos de dificuldades, sofrimentos ou apuros dos personagens.


Para saber mais

  • As façanhas do incomparável de Mulá Nasrudin, de Idries Shah. Roça Nova, 2011.
  • Contos de animais do mundo todo, de Naomi Adler, 2001. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2001.
  • Contos de fadas. Edição comentada e ilustrada. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
  • Contos maravilhosos infantis e domésticos (1812-1815), de Jacob e Wilhelm Grimm. São Paulo: Ed. 34, 2018.
  • O livro das árvores, de Jussara Gomes Gruber. São Paulo: Global, 2006.

Keita, o legado do Griot (documentário)

Veja também