Olimpíada de Língua Portuguesa premia semifinalistas do gênero Documentário em São Paulo, com direito a atividades pedagógicas e culturais
Por Marina Almeida
Os jovens documentaristas classificados para a Etapa Regional (Semifinal) da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa e seus professores encontraram-se em São Paulo para aprender mais sobre o gênero – e pôr a mão na massa.
De 11 a 13 de novembro, eles participaram de palestra, passeio cultural, formações sobre audiovisual e encararam o desafio de elaborar um vídeo de 1 minuto em apenas 4 horas. Além disso, o encontro de semifinalistas foi um momento de celebração, de conhecer outras pessoas e realidades e de receber as merecidas medalhas de bronze e prata para os finalistas.
Com o tema “O lugar onde vivo, a Olimpíada incluiu o gênero Documentário pela primeira vez nesta edição, e os trabalhos apresentados pelos jovens abordaram diferentes temas e formas narrativas:
“Muitos trouxeram algum tipo de denúncia social, com questões sobre desigualdade social, moradores de rua, falta de espaços de lazer na comunidade, lixo, poluição do meio ambiente… Houve também muitos documentários de caráter histórico, falando sobre algum aspecto cultural do município, uma personalidade, uma tradição. Em menor número, encontramos trabalhos que falavam sobre urbanização, mobilidade e alguns que brincavam com o gênero, trazendo algum humor ou ficcionalização.”
Cristina Teixeira, professora do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro da Comissão Julgadora da Olimpíada.
Sobre a narrativa, Teixeira, que também participou da
elaboração do material de formação de professores sobre o gênero, aponta que
houve uma predominância do uso da voz em
off com imagens de arquivo, seguido pelas entrevistas in loco, e que é necessário reforçar algumas questões com os
docentes: “O documentário é um gênero
complexo, porque é muito aberto e plural, pode ter várias formas. Tivemos a
preocupação de mostrar a complexidade desse gênero nos Cadernos, mas algumas questões ainda parecem confusas para os
professores, como a possibilidade de criar uma ficcionalização do real no
documentário sem que vire pura ficção”.
Atividades culturais
O diretor e produtor de filmes e documentários, Luis Lomenha, falou para os alunos
sobre o trabalho com audiovisual. Ele contou sobre sua trajetória como jovem
que vivia na periferia do Rio de Janeiro (RJ) e começou a se interessar pelo
que acontecia atrás das câmeras após participar do elenco de Cidade de Deus.
Para Lomenha, é importante que as cidades que estão longe
dos grandes centros também produzam:
Um filme que nasce numa cidade do interior tem uma forma diferente de contar uma história, porque traz um outro modo de enxergar o mundo.”
Luis Lomenha
Ele também deu sugestões aos jovens sobre como ampliar seu
repertório pessoal, mesmo para quem não tem acesso ao cinema. “Para fazer
filme, a gente precisa assistir a muitos filmes, precisa ter referências…
Podemos encontrar muitos documentários no YouTube e em plataformas como Netflix
e Amazon. A maioria dos filmes independentes vai direto para o YouTube, e todos
podem ter acesso.”
Já no passeio cultural pela cidade, os participantes conheceram o Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu. A partir da exposição – construída por meio de imagens, sons, jogos e interatividade –, alunos e professores puderam saber mais sobre a história do esporte no Brasil e se surpreender ao descobrir como as lutas contra o machismo e o racismo também se manifestaram por meio do esporte.
Produção audiovisual
Divididos em turmas, os alunos refletiram sobre o gênero Documentário,
suas formas e possibilidades. “Às vezes os jovens pensam em documentário como
um formato apenas de denúncia, mas há outros usos e funções”, lembra Jéssica
Nozaki, que trabalhou com os estudantes.
O documentário pode ser usado de forma mais poética, por exemplo, e é importante dar a eles todas essas dimensões.”
Jéssica Nozaki
Para acompanhar os alunos, as duplas de formadores uniam um profissional com experiência na área de letras com outro do audiovisual, de forma a complementar e ampliar as visões sobre o documentário (veja mais sobre os formadores aqui).
No terceiro dia, os jovens foram desafiados a produzir um
vídeo de 1 minuto com o tema “Identidades”. Buscando imagens de arquivo ou
filmando pelos corredores do hotel, eles desenvolveram diferentes abordagens
para o desafio.
Já os professores participaram de oficinas sobre temas
relativos ao documentário, como roteiro, uso de vídeos mobile, gravação e edição. Para eles, a tecnologia envolvida no processo de produção dos documentários é um
dos principais desafios. Por isso, o trabalho, nos três dias, buscou dar suporte
nessa área.
Histórias e culturas
O sarau foi o momento de revelar outros talentos dos participantes: músicos, compositores, poetas, cantores e dançarinos, dos mais diferentes estilos e ritmos. Entre os vários temas abordados, muitos falaram sobre o direito a ser diferente e a necessidade de combater o racismo, o machismo e a homofobia.
A tradição dos sertanejos nordestinos ganhou novos timbres e histórias, com jovens como Fernanda. A estudante de Minador do Negrão (AL) cantou uma toada de sua composição sobre a terra de onde veio. O orgulho de sua cultura e sua gente levado aos sete cantos pela jovem que também monta cavalo bravo, pratica vaquejada e cuida do gado, mostra que tudo isso pode ser coisa de menina também. Assista.
Já Ludmila, que mora na comunidade quilombola Dona Juscelina, de Muricilândia (TO), leu um poema de sua autoria sobre a matriarca do lugar, que a inspira com sua coragem para lutar e afirmar sua cultura, identidade e liberdade. Confira.
Também conhecemos histórias como a da professora Itânia Flávia da Silva, de Aliança (PE). Ela – que já participou de outra edição da Olimpíada acompanhando o ex-aluno Josias – conta que o jovem se tornou um importante ator social de sua região após a experiência vivenciada no encontro.
Nesta edição, Josias reapareceu, desta vez como um dos personagens do documentário semifinalista produzido por suas alunas. O filme fala sobre o preconceito que a comunidade do rapaz sofre por parte de outros moradores da cidade e mostra a luta deles para melhorar o lugar onde vivem.
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