Debate sobre a Amazônia, palestra com Bianca Santana, passeio ao Museu do Futebol, sarau. Veja como foi o encontro com os semifinalistas da categoria Artigo de Opinião 2019
Debater com respeito, opinar com base em argumentos bem fundamentados em dados e estudos. O encontro de semifinalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa na categoria Artigo de Opinião, cujo tema é “O lugar onde vivo”, mostrou que os jovens e suas escolas têm muito o que ensinar ao restante do País.
Vindos de diferentes regiões do Brasil, os alunos do 3º ano do ensino médio e seus professores reuniram-se em São Paulo de 17 a 19 de novembro e participaram de atividades culturais e educativas, como palestra, debate, passeio e produção de texto: um momento de formação e trocas, celebração e aprendizado.
No início do encontro, todos os selecionados receberam medalhas de bronze e, ao final dos três dias, foram revelados os finalistas, condecorados com a prata.
Semifinalistas na categoria Artigo de opinião, 2019. Foto: Acervo CENPEC Educação.
“Encontrar alunos tão bem formados e competentes ajuda a desconstruir um discurso sobre a falência da escola pública”, aponta a formadora Ana Paula Severiano. Professora de redação e coordenadora de projetos interdisciplinares no ensino médio, Ana Paula conta que participar dessa etapa da Olimpíada amplia as perspectivas dos alunos sobre suas vidas.
Foto: Reprodução
Além de se destacarem em suas regiões, aqui eles conhecem seus pares, que são tão bons quanto eles e vêm de outras realidades, às vezes menos privilegiadas. Isso faz com que se sintam mais desafiados, esforcem-se e interessem-se ainda mais.”
Ana Paula Severiano
Debate de ideias
Para os alunos semifinalistas, foi organizado um grande debate, com tempo cronometrado, réplicas e tréplicas das respostas. Antes mesmo de chegarem a São Paulo, aliás, os jovens receberam uma série de indicações de textos para se informar sobre o tema da discussão: o futuro da Amazônia.
No encontro, os alunos foram divididos em dois grupos, que defenderiam posições diferentes: priorizar a conservação ambiental ou privilegiar o desenvolvimento econômico na região. Além disso, havia outros quatro grupos de provocadores, que se dedicaram a pesquisar as diversas temáticas envolvidas na questão e a formular perguntas aos debatedores.
Debate: O futuro da Amazônia (2019).
Produção de texto. Foto: Acervo CENPEC Educação.
Longe de extremismos, as posições ponderadas e bem fundamentadas dos estudantes deram conta da complexidade em torno da questão. O respeito à vez e à voz do outro foi um exemplo para todos nós.
No dia seguinte, os alunos escreveram uma redação sobre o tema, utilizada para complementar a avaliação dos textos inscritos no concurso.
Docência, escrita e lugar de fala
Bianca Santana. Foto: Reprodução
Já os professores assistiram a uma palestra com a jornalista e escritora Bianca Santana.
Partindo do percurso de diferentes intelectuais negras brasileiras, ela falou sobre escrita e combate às desigualdades. “Se vivemos em uma sociedade desigual, uma escrita que não se proponha a abalar essa estrutura, na minha perspectiva, faz menos sentido – e o artigo de opinião, como texto de análise, de interpretação, pode ter o objetivo de fazer as pessoas refletirem sobre uma realidade que pode ser alterada a partir da nossa ação.”
Encontro com professores. Foto: Acervo CENPEC
A palestrante também falou sobre a noção de lugar de fala:
“Todo mundo escreve a partir de um ponto de vista. Qualquer pessoa pode escrever sobre qualquer tema, desde que considere o próprio lócus social (…), sem desconsiderar o próprio lugar de onde observa o mundo e de onde fala.”
Bianca Santana
Ouça as impressões dos professores sobre as reflexões trazidas pela escritora durante sua palestra:
Vozes insurgentes: palestra de Bianca Santana.
Em outras atividades, os professores foram convidados a refletir sobre as práticas da linguagem contemporânea: o que diz a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sobre a ampliação dos letramentos? Quais são as características dessas práticas? Por que introduzi-las na escola? Como elas têm sido trabalhadas em suas aulas?
Cultura e histórias
No Museu do Futebol. Foto: Acervo CENPEC
O encontro ainda contou com um passeio ao Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu. Por meio de vídeos, fotos, áudios, projeções, jogos e brincadeiras, alunos e professores conheceram mais sobre a história do esporte no Brasil e suas relações com a política e a cultura nacional.
Outro momento importante foi o do sarau, que se transformou numa grande festa, revelando o talento e a sensibilidade de alunos e professores das mais diversas regiões do Brasil em ritmos e versos dos mais variados tipos.
No evento, conhecemos a voz de Rayana, que vive na Ilha de Itamaracá (PE) e canta cirandas, seguindo os passos de Lia de Itamaracá, e é ativista cultural para disseminação e valorização de sua cultura.
Também ouvimos as palavras e as músicas de Rafael Caxàpêj Krahô, jovem indígena defensor da floresta e de sua cultura, que nos mostrou como seu modo de vida é afetado pelos desmatamentos. No sarau, ele cantou uma música do povo Krahô, que aprendeu com os anciãos de sua aldeia, em Goiatins (TO).
Ainda conhecemos a história do professor Ricardo de Campos, de Caçador (SC), que já publicou dois romances históricos: Caboclos rebeldes: uma aventura pela Guerra do Contestado e Aventuras pela Guerra do Contestado.
Confira.
Outra autora presente foi a professora Rosana Silva, de Lagoa da Prata (MG), que escreve poemas para o público infanto-juvenil e já publicou O voo da poesia e Poesias de Criança, que recebeu o Prêmio Luso-Brasileiro de Poesias em 2013.
Entre os alunos, João Pedro Leal de Sousa publicou sete livros, de diferentes gêneros. Pela segunda vez na Olimpíada, ele conta que, desde a classificação, em 2016, se sentiu mais estimulado a escrever. O jovem de São João dos Patos (MA) também atua numa organização para a promoção de políticas públicas voltadas aos jovens de sua comunidade.
Finalistas
Finalistas premiados. Foto: Acervo CENPEC.
O encontro da categoria Artigo de Opinião foi o último da Etapa Regional da Olimpíada de Língua Portuguesa – nas semanas anteriores, aconteceram os encontros de Crônica, Memórias Literárias, Poema e Documentário. Ao final de cada um deles, foram revelados os finalistas em cada gênero. Um próximo encontro, no dia 9 de dezembro, reunirá todos os finalistas em São Paulo para a Etapa Nacional.
Na ocasião, além de um passeio cultural e palestra com um grande nome da literatura brasileira, serão conhecidos os grandes vencedores da Olimpíada em cada gênero.
Serão 20 selecionados, considerando os primeiros quatro colocados em cada categoria. A escolha dos finalistas ficará a cargo de profissionais renomados, com experiência e conhecimento nas áreas de língua portuguesa e audiovisual.
Os alunos vencedores receberão a medalha de ouro e uma viagem cultural para uma cidade brasileira, a ser definida pela organização. Já o professor, além da medalha, participará de uma semana de imersão pedagógica internacional. A escola dos vencedores ainda receberá uma placa de homenagem e acervo para sua biblioteca.
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