Um produtivo encontro da escola com a cultura indígena
Projeto vencedor do Respostas para o Amanhã em 2016 estimulou convívio entre indígenas, alunos, professores e toda a comunidade
Por Suzana Camargo
Há três anos, os índios Itapuã-Tupy-Guarany, de Iguape, litoral de São Paulo, viviam isolados dos demais habitantes da cidade, não tinham opções de trabalho e possuíam muitas áreas aptas para plantio que estavam abandonadas e estagnadas.
Do outro lado do município, estudantes da ETEC Engenheiro Agrônomo Narciso de Medeiros, sob coordenação do professor Paulo Bezerra da Silva Neto, estavam preocupados com a preservação do meio ambiente na região, rica em vegetação da Mata Atlântica e em especial com a ameaça de extinção de duas espécies de palmito típicas da localidade, a pupunha e a juçara.
A história de índios e alunos se cruza quando os estudantes, estimulados a desenvolver um projeto para concorrer ao Prêmio Respostas para o Amanhã, concluíram que seus melhores parceiros seriam os da aldeia indígena.
“Nós nos organizamos e procuramos os índios, propondo que nos apoiassem, disponibilizando as áreas inativas da aldeia para plantio das espécies de palmito e eles, depois de um certo receio inicial, toparam”, conta Rayane Rodrigues, que na época, tinha 16 anos e que hoje faz curso superior na modalidade Meio Ambiente e Recursos Hídricos, na Fatec Jacareí.
Rayana Rodrigues, uma das participantes da turma vencedora de 2016. Foto: Reprodução.
“Eu me senti motivada a seguir uma carreira voltada aos cuidados com o meio ambiente, até porque a experiência com o projeto foi muito rica. Quando fomos a São Paulo na ocasião da premiação, senti que havia um reconhecimento por nossa ideia, nosso trabalho, e isso só me trouxe benefícios”, declara a estudante.
Conquistas para todos
Em 2015, a ETEC Engenheiro Agrônomo Narciso de Medeiros já havia conquistado o terceiro lugar no Prêmio Respostas para o Amanhã – mas alcançou a posição de grande vencedor em 2016, com o projeto Implantação do cultivo de palmito juçara e pupunha pela cooperativa dos alunos, para reflorestamento de mata atlântica e geração de renda para a aldeia indígena Itapuã- Tupi-Guarany no Vale do Ribeira – SP.
“A
comunidade indígena adquiriu maior autoestima e hoje até participa do Conselho
de Desenvolvimento Rural do Município, opinando nas decisões. Outro aspecto
interessante é que a fundação florestal da cidade viu o sucesso do plantio de
pupunha na aldeia Itapuã-Tupy-Guarany e já pensa levá-lo para outras
aldeias do Vale do Ribeira”, comenta o professor Paulo.
Ademir Wera Potu Venite Guarani, vende palmitos para a comunidade. Foto: Reprodução.
O líder indígena Ademir Wera Poty Venite Guarani reconhece que o projeto vencedor de 2016 foi de grande importância para sua comunidade. “Gerou condições de conseguirmos algum dinheiro, porque aqui, na aldeia, não existem muitas formas de trabalho, somente a plantação de palmito pupunha”, comenta.
O projeto de plantio e comercialização dos palmitos é mantido até hoje pelos indígenas, e a venda do alimento em feiras e mercados da cidade os aproximou da comunidade local – mesmo passados três anos, em que alunos e professores que elaboraram a proposta seguem rumos educacionais e profissionais diferentes.
Estudantes e indígenas durante processo de adubação do palmito. Foto: Reprodução.
Influência e
reconhecimento trazidos pelo Prêmio
Para os alunos, desenvolver o projeto mostrou que “vale a pena apostar na criatividade e terem entendido que possuíam capacidade para desenvolvê-lo”, ressalta Silva Neto. O professor ainda relata que o cultivo das duas espécies de palmito, bem como a convivência com os índios, foi uma experiência que impactou a todos.
“Desmitificou crenças e os tornou parceiros da aldeia. Passaram a admirar e respeitar a cultura indígena”, afirma. Além disso, o ganho de notebooks também foi de suma importância para eles, pois a maioria é de família carente”, complementa o docente.
Paulo Bezerra da Silva Neto ressalta que a escola ficou mais conhecida, e os professores, mais respeitados. “Todos ganhamos”, afirma.
Você
sabia?
Nos últimos cinco anos, no Brasil, o Prêmio Respostas
para o Amanhã reuniu 5.756 projetos, 4.128 escolas, 10.273 professores e
153.478 estudantes em busca de soluções inovadoras para transformações locais e
globais.
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