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Live Educação antirracista: Cenpec apoia iniciativa de escola em SP
Por Stephanie Kim Abe
Por mais que estejamos avançando a cada ano mais nessa luta, infelizmente episódios de racismo, preconceito e discriminação ainda ocorrem em diversos lugares da nossa sociedade, inclusive dentro das escolas.
Como a sua instituição trabalha com esse assunto e busca tornar o espaço escolar acolhedor? Mais do que isso, como a escola promove um ambiente aberto para reflexão e mobilização de toda a comunidade escolar para combater e prevenir esses tipos de violências?
Na Escola Estadual Alberto Torres, localizada no Butantã, zona oeste de São Paulo (SP), o assunto está sendo desenvolvido em uma disciplina eletiva com alunas e alunos do ensino médio.
Como explica Tamara Castro, coordenadora da Comunidade Cenpec, que apoia o projeto:
A demanda surgiu das(os) próprias(os) estudantes, pois várias(os) já presenciaram ou viveram na pele situações de racismo. E a necessidade de discutir isso na escola fez com que elas e eles se mobilizassem para criar um espaço, chamado Coletivo Resistir e Existir, para tratar de temas como racismo, discriminação, preconceito, diversidade racial e gênero. A iniciativa se tornou uma disciplina eletiva com a adesão de uma professora, convidada pelas(os) estudantes para coordenar a ação. Sabendo disso, nós do Cenpec nos somamos à comunidade escolar para apoiá-la nessa iniciativa.”
Tamara Castro
Para contar essa experiência, o Cenpec promove a live Educação antirracista: como trabalhar a temática nas escolas?, que acontece na próxima quarta-feira (dia 23/11), às 14h (horário de Brasília), pelo canal no Youtube do Cenpec. Ative a notificação e participe!
No encontro, serão abordados os detalhes da construção dessa iniciativa e do processo formativo que ela tem gerado na instituição. Também serão compartilhadas experiências e caminhos que podem inspirar e ajudar outras escolas a trabalhar as relações étnicos-raciais em sala de aula.
O evento terá a participação do coordenador pedagógico da escola Marcos Barbosa Medeiros, da professora responsável pela eletiva Rosimeire Aparecida de Sousa, e das(os) estudantes participantes da iniciativa Alice Conde Araújo de Oliveira, Carlos Eduardo Souza Alves e Otávio Fares Perez Cabral. A mediação será de Claudiana Cabral, integrante da Comunidade Cenpec.
Veja como o Cenpec aborda as questões étnico-raciais internamente e nos projetos
Construção coletiva
A disciplina eletiva já acontecia desde o segundo trimestre deste ano, alinhando-se às mudanças curriculares do Novo Ensino Médio. Mas o apoio da Comunidade Cenpec a partir de agosto de 2022 permitiu que a escola ampliasse o debate sobre o tema, construindo um processo dialógico e de fazer com as alunas e os alunos, e não para elas e eles.
A Comunidade Cenpec é uma iniciativa de voluntariado da instituição, focada em ações para uma educação antirracista. A professora Rosimeire Aparecida de Sousa, responsável pela disciplina, enfatiza:
Essa escolha metodológica fez toda a diferença para estimular o protagonismo delas(es) e fortalecer a escola como esse espaço de pertencimento, de escuta ativa e sensível às vozes e anseios dessas(es) jovens sobre uma temática que faz parte da vivência delas e deles.”
Rosimeire Aparecida de Souza
Na prática, a equipe voluntária da Comunidade Cenpec realizou rodas de conversa com toda a turma para captar e entender as demandas das(os) jovens sobre o assunto, além de diálogos com o coordenador pedagógico e a professora responsável pela disciplina.
Depois disso, as turmas se organizaram em grupos temáticos para refletir e abordar, por meio de diferentes formas de expressão definidas pelas(os) jovens (teatro, documentário, slams, pesquisas, entre outros), suas reflexões sobre: racismo estrutural e institucional, relações afetivas inter-raciais, interseccionalidade e identidade.
Confira a seguir registros das atividades das(os) estudantes na eletiva:
O desenvolvimento dessas ações e de todo o processo formativo conta com o apoio de uma mentora ou mentor especialista do Cenpec. Os temas foram indicados pelas(os) próprias(os) estudantes como pontos que gostariam de aprofundar.
É notável como a relação entre a professora e a turma de estudantes da eletiva é pautada no respeito e na construção colaborativa. Questões bastante delicadas da vida de cada um(a) são abordadas para ampliar a compreensão sobre a problemática do racismo e de discriminações de outras naturezas. Percebemos como, ao debater essas questões no coletivo, em um ambiente seguro e de confiança, as(os) participantes se engajam nas temáticas de modo que o que poderia ser apenas uma disciplina escolar se torna um caminho de conhecimento, construção colaborativa e formação cidadã. Isso fica evidente nas falas e atitudes de todas e todos.”
Tamara Castro, coordenadora da Comunidade Cenpec
Uma grande preocupação da turma é compartilhar os conhecimentos que estão construindo na eletiva para toda a escola. Por isso, em dezembro, cada grupo apresentará suas produções com o objetivo de lançar luz sobre a temática para alunas e alunos de outras séries, além de deixar um legado para as próximas turmas que virão.
