Festivais de cinema que ensinam e celebram a sétima arte

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Festivais de cinema que ensinam e celebram a sétima arte

Que tal aproveitar as férias para ver um filme no cinema? Conheça festivais e mostras que fogem das produções hollywoodianas e têm um trabalho de formação com estudantes e professores

Por Stephanie Kim Abe

É difícil achar alguém que não goste de cinema ou de tirar um tempinho para assistir a um bom filme. A linguagem cinematográfica está cada vez mais presente no nosso cotidiano, por mais que muita gente não se dê conta. 

Em entrevista ao Portal Cenpec em 2020, a educomunicadora e professora Claudia Mogadouro explicou a importância de reconhecer a influência que essas produções têm em toda a sociedade e de entendê-la como obra de arte: 

Foto: acervo pessoal

(…) hoje podemos ampliar [a linguagem cinematográfica] para a linguagem audiovisual, lembrando que o cinema é a matriz da linguagem televisiva, da publicidade, da internet. Crianças, adolescentes, adultos, todos têm acesso a um imenso conteúdo audiovisual, mas poucos sabem analisar esse conteúdo e tomar posição sobre ele. Trata-se de um consumo quase automático. Conhecer as opções narrativas, os recursos técnicos para se contar a história deste ou daquele jeito possibilita o desenvolvimento de uma leitura crítica de toda a cultura audiovisual que nos cerca”.

Claudia Mogadouro, educomunicadora e professora


Cinema e educação

É por isso que iniciativas que juntam cinema e educação são tão ricas. A Mostra Ecofalante de Cinema, por exemplo, maior evento do tipo na América do Sul dedicado a temas socioambientais, tem um braço dedicado a atividades de formação de professoras(es) em escolas, universidades e equipamentos culturais. 

Além disso, a Ecofalante (organização da sociedade civil que organiza a mostra) também criou a Ecofalante Play, plataforma de streaming exclusiva e gratuita para educadoras(es) e instituições de ensino.

Para colocar na agenda: Mostra Ecofalante de Cinema 2022

A 11ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema acontecerá entre os dias 27 de julho e 17 de agosto. O evento será realizado em formato híbrido: haverá sessões on-line gratuitas e também presenciais na cidade de São Paulo. 

Serão mais de 100 produções de 35 países que tratam de temas como ativismo, biodiversidade, economia, povos e lugares, emergência climática e trabalho. 

A programação, que ainda não foi divulgada, também deve contar com debates. 

Clique aqui para acessar o site oficial

A Mostra de Cinema de Gostoso, que está este ano na sua 9a edição, realiza um curso de formação técnica e audiovisual para jovens de São Miguel do Gostoso – pequena cidade litorânea a cerca de uma hora de Natal (RN) que aos poucos vem se despontando como um dos principais destinos turísticos potiguar.

Ao longo do curso, as(os) 53 jovens participantes da primeira turma tiveram orientações de professores de São Paulo, Rio de Janeiro e Natal e formaram o Coletivo Nós do Audiovisual, que ajuda nas edições da Mostra e já produziu mais de 30 oficinas e 10 curta-metragens. 

Essas produções estão disponíveis no canal do YouTube da Mostra de Cinema de Gostoso:

Para quem tem produções audiovisuais e gostaria de vê-las selecionadas para a Mostra de Cinema de Gostoso, as inscrições vão até o dia 11 de setembro, por meio de formulário no site do evento


Festivais para curtir nas férias

Mostra infantil no Ocupe Cine Olinda: Foto: Bea Triz

Além desse olhar educativo, as mostras e festivais de cinema costumam divulgar ao grande público produções independentes ou que têm foco em assuntos específicos. Elas fogem dos filmes hollywoodianos e acabam ampliando o conhecimento sobre outras perspectivas e realidades – algo que as escolas também podem se atentar, quando pensam em atividades educativas com filmes.

O leque de opções para se escolher um filme é enorme. Não há porque se repetir as grandes produções, que já têm tanto espaço na mídia. A escola tem outro papel. É preciso achar o caminho do meio e descobrir produções que conversem com o repertório dos alunos, mas que também tragam novidades. Os curta-metragens são excelentes opções para se exibir produções diferentes da estética que eles estão acostumados, porque o estranhamento, que a obra de arte pode e deve provocar,  terá curta duração e deixará tempo para um bom debate”, destaca.

Claudia Mogadouro, educomunicadora e professora

Abaixo, selecionamos dois eventos que estão em cartaz para quem quiser mergulhar no mundo da sétima arte neste mês de férias.

Confira!

🎞️ Festival ECA

O Festival Internacional de Cinema Educa Claquete Ação (ECA) também tem a educação como eixo central da sua realização. Além de selecionar produções que tratam de cultura, educação, esporte e meio ambiente, o evento realiza oficinas com estudantes participantes, que produzem os seus próprios curta-metragens – e que compõem a programação do Festival.

Em sua 3edição, o evento acontecerá entre os dias 4 e 13 de agosto, em casas e centros de cultura da capital paulista e de cidades da região metropolitana (Taboão da Serra e Embu). Ao todo, serão exibidos 21 curta-metragens, sendo 10 filmes competitivos, 5 filmes convidados e 6 realizados nas oficinas produzidas pelo Festival. 

Antes disso, um debate on-line ocorre no dia 23 de julho, às 13h, com o tema “Cinema e Representatividade”. Estarão presentes a historiadora Cida dos Reis e o cineasta e jornalista Lufe Steffen, e a mediação será da cineasta e roteirista Carissa Vieira. O encontro será transmitido via perfil no Instagram do Festival.

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De acordo com Alba do Vale, diretora da Objetiva Produções Cinematográficas, o objetivo do Festival Internacional de Cinema Educa Claquete Ação (ECA) é contribuir com a difusão de produções que abrem janelas para a temática educativa:

“O Festival tem a proposta de refletir sobre a influência do audiovisual na sociedade contemporânea e estimular a inclusão social, aproximando o público da produção artística cinematográfica”.


🎞️ Mostra de Cinemas Africanos 2022 

A proposta aqui, como o próprio nome já revela, é divulgar produções cinematográficas contemporâneas de curta e longa-metragem realizadas na África ou por pessoas da sua diáspora. A mostra busca trazer para o público brasileiro, que ainda não é muito familiarizado com essas produções, os olhares, a estética, as técnicas e as narrativas desses sujeitos africanos e afrodescendentes.

A edição deste ano passou por Curitiba (entre os dias 07 e 13 deste mês) e está em cartaz em São Paulo até o dia 20 de julho. A produção feminina está em destaque entre os cerca de 50 títulos de 20 países africanos. O filme Otiti, da nigeriana Ema Edosio, fez sua estreia mundial na Mostra e conta a história de uma costureira que decide cuidar do pai doente que a abandonara na infância. 

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