Festa Literária das Periferias: formando leitores e divulgando novos talentos

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Festa Literária das Periferias: formando leitores e divulgando novos talentos

Evento acontece on-line nos dias 29, 30 e 31 de outubro e 01, 06, 07 e 08 de novembro; conheça destaques da programação

Por Stephanie Kim Abe

Em uma entrevista dada ao Portal Escrevendo o Futuro em 2018, o jovem escritor Geovani Martins, autor do livro de contos O sol na cabeça (Companhia das Letras), cita a Festa Literária das Periferias (Flup) como um momento importante para sua trajetória como escritor. O carioca, morador da Rocinha, começou a ler muito cedo, tendo contato com livros estrangeiros e, depois, uma literatura brasileira clássica – voltada para os “pequenos burgueses”.

“Eu não conseguia enxergar onde eu morava como objeto de literatura. Aquelas histórias, para mim, não passavam na minha cabeça que podiam virar um livro. E quando eu participei da Flup, vi vários autores fazendo isso, e a potência que isso tinha, aí sim eu comecei a prestar atenção na minha volta, no que as pessoas estavam dizendo, e a partir desse momento, quando despertei esse olhar, escrever sobre isso foi muito natural”, diz ele.

Assim como Geovani, muitas pessoas das periferias da cidade do Rio de Janeiro têm sido influenciadas e impactadas por esse evento cultural, que acontece desde 2012 levando e incentivando a cultura literária de territórios como o Morro dos Prazeres, a Babilônia, a Mangueira e o Vidigal.

Este ano, em sua 9ª edição, o evento acontece on-line, em dois finais de semana: de 29 de outubro a 01 de novembro, com uma programação nacional, e de 06 a 08 de novembro, com mesas de debate internacionais.


Veja aqui a programação da Flup 2020 de outubro e de novembro


Imagem com a relação de participantes da 9ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) 2020.
Participantes da 9ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) 2020

Homenagem a Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez

Imagem da escritora Carolina Maia de Jesus.
Carolina de Jesus

Ainda que a programação oficial tenha começado no dia 29/10, a Flup tem realizado desde maio um ciclo de debates sobre a escritora Carolina Maria de Jesus – uma das autoras homenageadas nesta edição -, que culminará na publicação de uma releitura de “Quarto de Despejo”, sua obra mais famosa, escrita por mulheres negras de todo o país.

Outra autora homenageada nesta edição é Lélia Gonzalez, cujo ciclo de debate, que começou em setembro, foi pautado pelo conceito da autora de amefricanidade.

Imagem da escritora Lélia Gonzalez.
Lélia Gonzalez

Entre os eventos da 9ª edição está o painel “Lélia Gonzalez e o pensamento do feminismo negro”, que acontece amanhã (dia 31 de outubro), às 16h40, com a presença de Djamila Ribeiro e Carla Akotirene, e mediação de Flávia Oliveira.

Na programação internacional, destaca-se uma entrevista com Achille Mbembe, autor da obra “Necropolítica”, às 20h do dia 06 de novembro.


Acompanhe a FLUP 2020 pelo canal no YouTube ou pela página no Facebook do evento


Slam e formação de leitores(as)

Outra parte importante da programação é o Slam, competição de poesia falada, que acontece desde 2014. Este ano, a competição dá destaque à comunidade LGBTQIA+, sendo nomeado o primeiro Slam Cúir do Brasil. As semifinais e a final da competição serão transmitidas pelo Toronto International Festival of Authors (TIFA), maior festival do Canadá.

Para Esdras Soares, da equipe do Programa Escrevendo o Futuro, uma iniciativa do Itaú Social com coordenação técnica do CENPEC Educação, os slams, assim como o evento como um todo, são espaços que estimulam a formação de leitores.

Imagem de Esdras Soares, integrante da equipe do Programa Escrevendo o Futuro.
Imagem: Arquivo pessoal

O slam ajuda a revelar as nossas potências e mostrar aquilo que somos bons, além de poder dar voz aos diferentes públicos, que têm a possibilidade de contar suas próprias narrativas e histórias. A Flup traz esse despertar para a literatura, em pessoas que às vezes não tinham afinidade com a leitura e acabam sendo transformadas pelo evento

Esdras Soares, integrante da equipe do Programa Escrevendo o Futuro


Encontro Estéticas das Periferias: a cultura das quebradas de São Paulo


A periferia da capital paulista também realiza um dos seus maiores festivais culturais neste final de semana. A 10ª edição do Encontro Estéticas das Periferias vai do dia 31 de outubro a 08 de novembro e traz mais de 60 atividades, construídas de forma colaborativa por 46 coletivos culturais, que incluem shows, saraus, rodas de conversas, debates, workshops, exibições audiovisuais e muito mais.

Os eventos ocorrem on-line – alguns ao vivo, outros gravados – e trazem mais de 500 artistas e profissionais, ocupando 23 territórios culturais da cidade. No dia 01 de novembro, por exemplo, às 15h, ocorre o Torneio dos Slams, campeonato de poesia em equipe que junta grupos da capital (como USPerifa e Slam do Grajaú) e de outros estados, como Poetas Vivos (RS) e o Afro Slam (MG).

Acompanhe o evento pelo canal no YouTube da Ação Educativa ou pela página no Facebook do evento


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