Bibliotecas comunitárias e os direitos humanos das juventudes

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Bibliotecas comunitárias e os direitos humanos das juventudes

Entenda por que as bibliotecas comunitárias são importantes espaços de promoção dos direitos e do protagonismo das juventudes, e veja lições aprendidas dessas experiências

“Me vi leitora quando comecei no projeto. Digo que me “vi” como algo novo, mas na verdade me reconheci leitora assim que iniciou. Ressignificando minha vida, eu me vejo no que leio, no que escrevo, no que ensino. Há três anos me reconheço leitora, num círculo literário, junto com outros jovens leitores e periféricos. E além de todas as lindas oportunidades que me proporcionou, conhecer autores, mediar oficinas, escrever resenhas, possibilitou enxergar a literatura como meu direito. Direito de conhecer, de questionar, de gostar ou não gostar, direito de ocupar lugares e de pertencer. A literatura nos faz enxergar o mundo de outras maneiras. Eu me emociono, sinto raiva, angústia, alegria, eu me sinto viva. Não há nada melhor que sentir seu corpo vivo, carregado de emoções, reverberando cada palavra de um texto. (…)”

O relato acima é de Duda Pimentel, jovem de 20 anos que é arte-educadora e mediadora na Biblioteca Comunitária Ademir dos Santos, e integrante da Rede LiteraSampa.

Ele evidencia as potencialidades e as transformações que ações e programas realizados em bibliotecas comunitárias – como círculos de leitura, saraus poéticos, encontros formativos com escritoras(es), mediação de leitura etctrazem à vida das(os) jovens, principalmente àquelas(es) da periferia, onde o acesso à cultura e a garantia de direitos costuma ser mais limitada ou até inexistente. 

É essa a principal característica das bibliotecas comunitárias, como a definem Bruno Souza de Araujo, Ketlin Aparecida da Silva Santos e Suilan de Sá do Vale no artigo “Experiências de Bibliotecas Comunitárias na promoção do direito à literatura e direitos humanos das juventudes” para o portal Escrevendo o Futuro


As Bibliotecas Comunitárias são espaços geridos pela comunidade que se encontram e estão localizadas, principalmente, em zonas periféricas com alta densidade demográfica, marcadas por diversas formas de vulnerabilidade, como pobreza e violência, com ausência ou escassez de serviços públicos de qualidade. Estes locais não enxergam as pessoas frequentadoras como meros usuários, que recebem conhecimento e cultura de forma passiva, mas sim interagentes numa relação que é constituída entre a biblioteca e o indivíduo, na qual ela ou ele propõe, participa e interage. Essa perspectiva também contribui para o alargamento da concepção de biblioteca (comunitária ou não), que vai se transformando em uma promotora da cultura e da democratização do livro, literatura e direitos humanos”.

No artigo “Experiências de Bibliotecas Comunitárias na promoção do direito à literatura e direitos humanos das juventudes”

Ao proporcionar às juventudes esse contato com os livros, o mais importante é “oportunizar a autonomia de escolher os próprios livros que desejam ler e de se responsabilizar pelo espaço que desejam construir em suas comunidades”, escrevem os(a) autores(a).

No artigo, além de contar mais sobre experiências das bibliotecas comunitárias com os jovens, os(a) autores(a) trazem três dicas do que toda(o) educadora(r) deve considerar ao planejar a formação de jovens leitoras(es) nas escolas e nos espaços de leitura:

  • a valorização da experiência coletiva;
  • o reconhecimento do território como componente de direitos;
  • a prática da autonomia.

“Podemos afirmar que as Bibliotecas Comunitárias são um movimento de resistência cultural, pois para além de serem guardiãs de um acervo literário, configuram-se, por vezes, como o espaço mais democrático do território, focando não somente em leitoras(es), mas em possíveis novas(os) leitoras(es), e nos desafios da comunidade que se expande para além das prateleiras das bibliotecas, reconhecendo as(os) jovens como agentes instigadoras(es) e protagonistas de uma comunidade leitora”, dizem os(a) autores(a). 

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