Acadêmicos ao redor do mundo repudiam cortes nas universidades brasileiras

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Acadêmicos ao redor do mundo repudiam cortes nas universidades brasileiras

Encabeçado pela Universidade Harvard (EUA), manifesto repudia declarações de Bolsonaro e já conta com mais de 17 mil assinaturas

O governo Jair Bolsonaro anunciou, no final de abril, a intenção de “descentralizar investimentos” em filosofia e sociologia. A medida repercutiu entre instituições de todo o mundo – e a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais prestigiadas do mundo, encabeçou um manifesto em solidariedade aos sociólogos brasileiros, que já conta com mais de 17 mil assinaturas.

O texto reitera a oposição internacional às medidas do governo Bolsonaro de “desinvestir na sociologia, ou qualquer outro programa nas ciências humanas ou sociais”. O documento explicita o repúdio à “mercantilização do ensino superior” e o pensamento “de que uma educação universitária é valiosa apenas na medida em que é imediatamente lucrativa.”

O manifesto conta com assinaturas da UFRJ, UnB, USP, UFPE, UFBA, além de instituições estrangeiras de prestígio, como a Universidade de Sorbonne, na França; as universidades de Oxford e Cambridge, na Inglaterra; e as de Stanford, Berkeley, Columbia, Yale e o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos, dentre dezenas de outras.

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“Ciências humanas são tão importantes quanto as ciências exatas e biológicas”

Segundo o presidente, a medida que afetaria os cursos de humanas, especialmente filosofia e sociologia, tem o objetivo de “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina”. 

Em entrevista à BBC Brasil, Danielle Allen (foto), cientista política e professora da Universidade Harvard (EUA), rebate a declaração: “Você não cria leis para ter uma boa governança com os conhecimentos de engenharia e de física. Sem os conhecimentos das ciências humanas, não é possível entender a sociedade”.

Além disso, entre o final de abril e o início de maio, o Ministério da Educação anunciou cortes de cerca de 30% das verbas universitárias, medida que afeta 100 instituições e universidades federais em todo o Brasil – muitas vezes, com impacto no pagamento de contas como água, energia elétrica, serviços de limpeza e aquisição de materiais. O governo cortou ainda bolsas de pós-graduação em todas as áreas do conhecimento, inclusive nas áreas de ciência exatas e naturais/biológicas.

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Foto de destaque: Reprodução/Jim Harrison.